terça-feira, dezembro 30, 2014

O ano que precisa começar

Ano se encerra.
Um ano que tem tantas coisas para deixar pra trás. Tem o fim de uma etapa de vida. Tem ele. Tem trabalhos ruins. Tem dinheiro que não entrou. Tem gente que me decepcionou. Tem amigo falso. Tem gente que se foi e deixou um aperto no peito. Tem sustos. Tem dor, muita dor.
Só que a gente não pode olhar só o amargo do limão. O ano também teve coisas boas. Teve gente nova. Novas conquistas. São Paulo. Amigos que se mostraram fiéis. E teve uma sensação de dever cumprido. Teve suas fases de pequenas alegrias.
Que nesse ano que começa, eu saiba ler melhor as pessoas. Saiba desistir mais facilmente delas. Saiba entender melhor quem precisa de mim. E quem me quer bem, ou não. Saiba me doar pra quem merece. Saiba me dedicar com amor ao trabalho, mas sem dor. Saiba ceder e entender quem cede. Saiba ser mais tolerante e menos paciente. Saiba ser um pouco mais feliz.
E que quem passa por esse espaço, tenha muita alegria na vida. E sorria aqui, não por compartilhar dores e angústias, mas por ler conquistas.

quinta-feira, dezembro 25, 2014

Minha verdade...

Solidão imensa. Solidão sem fim. Solidão que não se explica. Solidão que rasga meu peito.
Rodeada pelas pessoas que mais amo nesse mundo. Olhando os sorrisos das crianças que justificam o meu. Ouvindo diariamente declarações de saudade e carinho. Meu peito é vazio.
Não, ninguém sabem ninguém sente, todos percebem um sorriso de porcelana, todos percebem essa felicidade constante. Sempre foi assim. Sempre senti essa imensidão solitária sem ter com quem compartilhar. Não sei se somos muitos ou somos raros. Sei como sou.
Talvez por isso lá eu me sinta em paz. Lá, estou sozinha na minha solidão. Não preciso fingir essa vida tão perfeita apenas para agradar. Não preciso dar justificativa a ninguém. Não preciso me isolar com gargalhadas para evitar as perguntas que não tem respostas.
Afinal, quem vai entender, se nem eu entendo?

segunda-feira, dezembro 22, 2014

Vindo

Voar por Guarulhos, pra mim, é a visão do inferno na Terra. Se tem lugar pra ver gente esquisita, esse lugar é o aeroporto internacional de Guarulhos. Lá tem de tudo. Todo todo tipo de coisa. Toda espécie de comportamento. Especialmente aquilo que a gente quer evitar.
Tem sempre aquele conhecido que se lambuza em perfume e ao te encontrar, depois de anos, resolve te dar um abraço de melhor amigo. E te deixa com aquele cheiro dele, que te enjoa um bocado, até o destino final.
Tem sempre a esposa do aspirante a jogador de futebol, com cabelo amarelo ovo e raiz longa e muito preta. Corpo sarado. Barriga de fora. Calça tão justa que a mais injusta das imaginações não saberia o que dizer. Ela desfila e acha que tem mais direitos que os pobres mortais. As pobres, nesse caso.
Tem sempre uma fazendeira rica, mãe dos estudantes de colégio bilingue, que teima em falar um inglês parco com os filhos, sem perceber que as crianças são brasileiras. Ela também não percebe que em voos domésticos não existe mais classe executiva. Que está ali só por ser mais perto da cidade dela, não por estar a caminho dos EUA.
Tem sempre uma família trapo. Daquelas que carregam a vida nas malas. Tanta, mas tanta coisa, que chega a dar medo de se perder entre os carrinhos. E eu sempre me pergunto pra onde vão? Nada no mundo justifica cinco ou seis malas por pessoa, nem mesmo mudança.
Tem sempre um estrangeiro. Desses eu tenho muita pena. Ficam ali, perdidos na fila de despacho de bagagens. Tentando entender em que país vieram parar. Que lugar surreal é esse em que passageiros são tratados como carga.
Tem sempre uma mãe de uma filha de um primo. Aquela família em que um guarda lugar pro outro pra fazer check in enquanto o outro vai pra fila da bagagem e acabam atrapalhando todo mundo, já que ninguém fica pronto em tempo.
Tem sempre alguém de chapéu. Não me refiro a Fedora ou Havana. Falo de boné ou chapéu de palha mesmo. E o olhar da gente se perde acompanhando aquele chapéu e tentando entender o motivo do uso.
Tem sempre aquele cara que acha legal usar camiseta de futebol fora do estádio. Ele pensa que já que vai pro exterior, precisa levar o time do coração. Mostrar pra todos seu amor. E não está nem um pouco interessado na minha opinião, apesar de ser das coisas que eu não assimilo.
Tem sempre aquelas pessoas de crocs, que para mim são cidadãos de outra dimensão. Ta aí algo que eu não consigo captar. Pessoa adulta com crocs vai além do meu nível de compreensão. Podia dar multa, castigo... Mas a pessoa alega conforto. Usa havaianas, all star, sapatilha, até tênis de corrida passa, mas crocs? Esse não dá.
Tem sempre aquelas pessoas que pensam que seu lugar na aeronave vai criar perninhas e fugir. Sim, as pessoas que fazem fila desde que a primeira chamada que anuncia o voo, até finalmente abrirem as portas. E ficam lá, segurando suas bagagens de mãos, em pé, como se isso acelerasse o processo todo. Mesmo que esse tempo leve quase uma hora, e elas fiquem sofrendo todo esse período.
Tem gente como eu, que senta bem longe de tudo e fica alheio a confusão, de fone de ouvido, lendo ou escrevendo no iPad. E espera a fila de embarque terminar para finalmente entrar no avião. Sim, eu sou daquelas últimas pessoas que alguns pensam que é culpada pelo atraso do voo.
Isso é Guarulhos. Um espetáculo de bizarrices, péssimo gosto e estranhezas a parte. E quando tu finalmente senta, descobre que no voo lotado, a poltrona quebrada que não reclina, é a tua. Obviamente o cara da frente tira uma soneca o voo inteiro, reclinando a dele e estarás apertado como sardinha em lata.
Para melhorar, ao teu lado sempre pode viajar uma dessas pessoas que gostam muito de conversar e ignoram teu fone de ouvido e o livro. Ou uma que deixa as crianças fazendo tudo o que gostam. Mesmo que isso seja passar um bom tempo aos berros e cutucando teu braço. No meu caso, dessa vez, o pacote foi dois em um.
A cereja do bolo? Ver comissário passar correndo com uma bolsa azul e só entender o que significa quando sentir o terrível cheiro se espalhar pelo ar. Sem ter para onde sair, afinal...
Das coisas que só acontecem comigo... E que viram motivo de riso, por estar vindo pra casa.
Boa viagem pra vocês. A minha, já foi um espetáculo a parte.

sábado, dezembro 20, 2014

Virando a página

Eu adoro São Paulo. Vir morar aqui não foi acaso, ou decisão inconsequente. Eu pensei muito, defini o momento, decidi que seria bom para mim. Aqui também, por total coincidência, mora uma pessoa que foi especial demais para mim. Uma pessoa que nem sabe o quanto significou nesses últimos tempos. E que agora, por igual decisão consciente, precisa ser esquecida.
Essa pessoa é meu oposto. Acho que a única coisa que temos em comum é o fato de gostarmos de escrever, e sermos do mesmo mercado. Apesar da área profissional ser diferente. O que me atrapalha mais, já que ele faz coisas incríveis, e ainda admiro o cara.
Enquanto eu sou emotiva, choro por tudo, me entrego, sou sempre intuitiva nas relações, essa pessoa é racional, dura, difícil, e hiper pesquisadora. Ele nunca daria credibilidade a uma paixão que surgiu por causa de alguns encontros e muitas conversas. A racionalidade dele não conceberia isso. Já eu? Entendo totalmente que paixão não é soma matemática, não se explica, não cabe em fórmula. Começa num toque. E me apaixonei por ele, depois de muito tempo sem gostar de ninguém. Foi bom. Por um tempo me fez muito bem. Até doer. Doer por não poder viver aquilo minimamente bem.
Nos conhecemos, desenvolvemos uma relação pouquíssimo convencional e então me mudei para a cidade dele. O que eu já sabia, ficou óbvio, não teríamos nada diferente ou mais concreto. Isso não mudou o que eu senti. Não muda o que sinto. Mas a vida tem que ser mais objetiva, ele me ensinou um pouco disso. E a gente não pode ficar batendo em portas que não abrem. Ontem, eu fiz meu último movimento. E foi, de certa forma, uma despedida desse sentimento. Não que eu vá desligar um botaozinho e deixar de gostar, isso é impossível. Só fica mais fácil fazer isso agora, indo para casa. Fica fácil fazer isso num momento simbólico de final de ano. Menos pesado numa época de decisões. E mais fácil exorcizando na escrita, nesse meu espaço em que eu sei que ele não vem. Eu me desnudo, e a única pessoa que não pode ver tamanha fragilidade, não verá.
Assim, 2015 já poderá ser diferente. E eu poderei voltar a ser só emoção, mas dessa vez quem sabe, até com uma pitada de razão. Que venha um novo ano. Mas não necessariamente, uma paixão.

Vou aprendendo a esquecer. Nada foi guardado na caixa de lembranças, mas aos poucos, e com uma boa ajuda, está quase lá. 
Se um comportamento me afasta, o outro mistério me envolve. Assim, dia a dia, vejo o novo ano desenhando um bom arquivo morto. 
E vejo as coisas se resolvendo. De um jeito ou de outro.

quarta-feira, dezembro 17, 2014

Alice In Wonderland:

  • Threats, promises and good intentions don't amount to action.
  • Every picture tells a story. Sometimes we don't like the ending. Sometimes we don't understand it.
  • A secret is only a secret when it is unspoken to another.
  • Different denotes neither bad nor good, but it certainly means not the same.

Questão de fé

E então um dia eu voltei a acreditar em anjo da guarda.
Sim. Sabe aquilo que nos ensinam na infância? Quando nos contam que existe um anjinho de guarda nos protegendo, cuidando de nos? A medida em que cresci, parei de acreditar no meu. Parei de rezar e agradecer para ele. Virei um pouco descrente. Quanto mais descrente na vida, mais descrente no tal anjo.
Então, um dia, a pessoa vai atravessar a rua, em uma cidade nova e estranha. Não que eu não conheça ninguém aqui, mas a bem da verdade, sou sozinha. Os amigos são novos. A família está longe. E tudo é muito mais solitário nesse início.
Então, enquanto atravesso a rua, um motorista de taxi ignora que estou ali e arranca. Em uma fração de segundos o reflexo me avisa isso. Ao mesmo tempo em que voo para o ar e caio no chão com uma batida muito forte, consigo me levantar e correr para o lado. É o tempo apenas suficiente para o carro, uma mini-van, não passar completamente por cima de mim.
Eu estou inteira. Não me quebrei, não morri. Falo e ando normalmente, apenas tremo. O motorista vai embora. Eu sei que foi reflexo. É lógico. Só que até agora, não sei de onde veio esse reflexo todo. Não entendo de onde ele surgiu. Como?
Estou deitada, nesse momento, sentindo a dor do corpo, a cena não para de repetir. Fica em looping na cabeça, por mais que eu queira esquecer. Eu agradeço por ser apenas isso o que me aconteceu. E então penso que de criança eu agradeceria a um anjinho. Talvez seja simplesmente a hora de aceitá-lo de volta na minha vida. De voltar a ter pra quem agradecer. De retomar alguma fé.
Obrigada, meu anjo!

domingo, dezembro 14, 2014

Em uma noite qualquer eles se encontram. Há anos não se viam, mas falam bastante pelas redes sociais. Ele continua com a mesma cara de menino. Lindo como sempre foi. Estão em um grupo divertido. Falam bobagens sobre o divórcio de um amigo comum.
A conversa flui, o grupo aumenta. Dão risadas. O assunto migra para o "terrível" passado dele. Em um momento, o que ela temia é inevitável. Ele fala sobre o tempo em que tiveram um breve encontro. Conta para todos do grupo que ela foi uma das mulheres que ele ficou e deixou, quase sem explicações. Quase se justifica, olhando para ela e dizendo o que pensava. Todos observam os dois. Ela sorri. Apenas sorri, e diz que foi bobagem. Aquilo já é tão distante, nem lembra mais que doeu. Os dois dão uma boa gargalhada juntos e o grupo descontrai.
Enquanto mudam de assunto, ela pensa em quanto é melhor ser amiga dele. Ele segue tão menino. Ela quase agradece ao ocorrido.

sábado, dezembro 13, 2014

Ainda que eu falasse a língua dos anjos. E dos homens...

"Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que se ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?"


(Luís de Camões)

sexta-feira, dezembro 12, 2014

Eu sempre achei que não tinha um tipo físico definido para os homens que gosto. O que me encanta é a inteligência. Abordagem. Estilo.
De um tempo pra cá, em compensação, só tem um perfil que me atrai. E é físico. E totalmente parecido. E todos são da mesma área profissional. E sim, inteligente, mas confusos. E me confundem.
Boicote. Eu devia cortar essa palavra do meu dicionário. Pra ontem.

quarta-feira, dezembro 10, 2014

Tudo Bem (retirado do blog entre todas as coisas)

- E então, como estão as coisas?
(As coisas vão devagar como sempre. Você desse lado, eu desse outro. Você mais longe do que eu quero, eu querendo você o mais perto possível. Tenho andado por portos, por plataformas, por praças e por todo tipo de chão possível. O engraçado é que vejo um pouco de tudo o que você me diz em cada parte do mundo. Não sei se é você que me fala sobre o mundo ou se é ele que se adapta às coisas que você me conta. Até aquele livro novo que eu te disse que estava lendo me lembra de você. Aliás, lembro que me disse que não gostava daquele autor em algumas das vezes que a gente se esbarrou por aí. Eu já não consigo ficar longe das suas palavras, das suas mensagens, das suas opiniões formadas sobre tudo.
As coisas estão difíceis. Eu espero toda noite que você me ligue. Imagino que cada assunto que você vem puxar comigo seja um indício de que você também me vê assim. Eu não demoro nunca a te responder por que tenho pressa de você. Eu tenho esse imediatismo de encurtar todo o tempo que vem pela frente ainda. Eu não minto quando você me pergunta se gosto de Caetano ou Chico Buarque. Se gosto de Fernando Pessoa ou Mário Quintana. Se gosto mais de preto ou branco. Eu gosto sim. Mas gosto mais do mundo porque posso olhar pra ele com você.
As coisas estão mais coloridas. E eu estou mais brega, mais piegas, mais clichê do que nunca. Comecei a rir sozinho depois que te conheci. Comecei a imaginar cenas, a querer segurar tuas mãos, a te olhar com ternura, a sonhar com todas as possibilidades de você. Troquei as cortinas, o tapete e até mesmo a capa do sofá da sala. Senti essa necessidade de renovar a casca para que você conhecesse a casa mais bonita. Ouvi discos de vinil, vi séries desconhecidas da TV, peguei alguns filmes noir que me faziam dormir em dois segundos. Peguei seus gostos e os usei como dossiê para te entender melhor. Pra você eu quero o melhor de mim.
Não, nada vai fazer com que eu desista de você. Eu acho que vi algum interesse da sua parte. Pode ser pela facilidade que tenho em envolver as pessoas em palavras desconexas à procura de alguém que as organize e dê sentido a elas. Mas eu não consigo mais tirar os olhos nem a cabeça de você. Você me ganhou. Completamente. Algumas pessoas já me falaram que isso deve ser amor. Mas, sinceramente, eu nem fiz questão de abrir o dicionário pra checar. Mas não perde o significado. Me deixa te encontrar.)
- Tudo bem e você?

segunda-feira, dezembro 08, 2014

Eu penso tanto em migrar pro tumblr. Mais moderno estar por lá do que aqui, eu sei. Deveria seguir as tendências. É o mundo.
Só que tenho um afeto danado. Mesmo sabendo que hoje em dia não é mais cool ter blog, e eu tenho. Sei lá, não vim pra cá pela moda, ao contrário de muita gente. Apenas gosto de escrever. Preciso exorcizar demônios, passar tempo. Coisas que acontecem agora, misturadas a coisas que aconteceram, somadas a imaginação, e saiu um texto aqui.
Então eu olho os números de acessos e vejo que quase 100 pessoas entram aqui por dia. Todos os dias. Pouco pra quem tem pretensões. Ou está ligado no que está na moda. Muito pra mim.
Afinal, eu escrevo só pra mim, se não divulgo esse espaço. O que me da prazer é apenas ter esse cantinho vivo para mim, ativo... E ainda tem gente que vem aqui me ler?
Decidido, ao menos por enquanto: migrar para que?

Um em muitos

A vida é vestida de máscaras. Personagens. Personas. Querendo ou não somos vários em um, o tempo todo. Eu sempre digo que sou uma criança grande. Uma mulher feliz para todos. Uma pessoa triste num corpo de mulher feliz. Tento levar a vida brincando e falando bobagens, digo palavrão, descontraio tudo o que posso. Não por não perceber a seriedade das coisas, mas exatamente por causa delas. Se for encarar o que já é difícil com jeito brusco, fica impossível. Então tento ser macia, leve, risonha, tudo isso o máximo possível. As vezes, isso me deixa parecer menos adulta, até, do que sou. Bom? Ruim? Não sei. Para algumas coisas funciona muito bem, para outras nem tanto.
Se uns me vêem como uma menina, outros me vêem como uma fortaleza. O que não é nada bom. No mesmo dia em que uma pessoa me disse que sabia que se eu tinha tomado uma decisão o negócio estava fechado e aconteceria, outra pessoa ouvindo uma situação que estou vivendo me comentou que, me conhecendo apenas profissionalmente, decidida e forte, nunca me imaginaria fragilizada por assuntos emocionais. Personagens. A descontração infantil, a força profissional, a frágil.
Mas é a verdadeira F.? Aquela que precisa de colo, de atenção, de cuidado? Aquela que também quer se doar e ver que há doação de volta? Essa acaba escondida entre os personagens, para aparecer só de quando em quando. E pelo que sinto,  das poucas vezes em que decide se mostrar, não tem sido bem recebida por aí. Ou não é bem interpretada. Ou tem selecionado muito erroneamente para quem se mostra. Melhor continuar escondida atrás do personagem. Seja ele qual for.

domingo, dezembro 07, 2014

Se te tenho e me tens, encontro.
Se tenho, perdida em ti, paixão.
Se me tens, perdido em mim, tesão.
Se nos temos assim, essa confusão sem fim.

sexta-feira, dezembro 05, 2014

A vida adora pregar uma peça na gente. Tu se apaixona. E o cara tem tudo. Envolvente, sensual, gostoso, inteligente, bom papo, divertido. Só falta uma coisa. A mais importante. Se apaixonar também. É, sem isso nada adianta.
Aí tu descobre que ele age como se estivesse apaixonado. Quando está contigo é o mais amoroso. Entregue. Gentil. Fala tudo o que tu precisa ouvir. Retribui declarações, e até faz as dele, mas ao virar as coisas, já não lembra delas. Quando tu tenta te afastar, não deixa, tem mil argumentos para esse jeitão.  E quando tu tenta entender os motivos, te ignora.
Por isso, antes de cair numa roubada, pondere. Não adianta querer acreditar que paixão se escolhe. Paixão acontece. Antes de sair com alguém, antes de se possibilitar a paixão, antes de baixar a guarda... olhe além das belas palavras. Olhe no fundo dos olhos. Olhe na alma. São as únicas coisas que não conseguem mentir.

Orgulho

Eu achei que tinha te visto esse semana, almoçando. Aí meu coração disparou, daquele jeito que já te mostrei tantas vezes. Até hoje não sei se era tu, ou não. Acho que nunca saberei. Deu uma vontade louca de ligar, escrever, ir até aquela mesa conferir. Mas e o orgulho? Orgulho ferido, sabe? Orgulho doido de quem já fez tantas perguntas e só teve silêncios. Certeza de que esses silêncios só tem um significado. Necessidade de recomeçar de algum lugar longe de ti. Então, me enchi desse mesmo orgulho, desse amor próprio, dessa vontade de sentir o coração bater normal de novo. Virei as costas e sai dali. Nunca saberei se era tu, ou não. Mas fui eu. E eu consegui, pela primeira vez ser só eu, sem ir atrás de ti. E o que sinto é orgulho. Orgulho de mim.

terça-feira, dezembro 02, 2014

Resolve essa

Bom seria se as coisas fossem fáceis. Se racionalizar resolvesse. Ou sentir solucionasse. 
Não resolve. Pensar não quer dizer assimilar. Sentir não quer dizer entender. As vezes ficamos ali, vendo lógica na coisa, mas o coração vai contra. As vezes ficamos ali, sentindo, mas a cabeça vai contra.
A incongruência torna a vida tão mais difícil, tão mais complexa que olhamos pra nós mesmos e não conseguimos simplificar. Simples assim. Ou ao menos deveria ser. 

domingo, novembro 30, 2014

Desencontro nas palavras

Ela gostava das coisas na vida real. Ficava horas conectada, todos os dias, mas relacionamentos virtuais nunca foram algo possível para ela. E se relacionar na vida real nunca foi um problema. Ela só achava difícil encontrar alguém que fosse legal para namorar. Talvez muito exigente. Falsa expansiva como ela dizia. Todos achavam impossível haver uma tímida habitando aquela pessoa. A verdade é que havia.
Ele gostava de conhecer pessoas no mundo virtual. E levá-las para seu mundo real. Era ótimo em conversar e encantar. Inteligente, bem relacionado e excelente profissional, ninguém diria que era tímido. A verdade é que era.
Eles se conheceram por causa de uma amiga em comum. Algumas conversas e marcaram um jantar. A conversa fluiu de uma maneira inacreditável. Pareciam amigos de uma vida inteira. Não ficaram, não se tocaram, nada aconteceu. Ela gostou dele. Parecia diferente. Ele se encantou com a espontaneidade dela. Parecia uma menina.
Ele ligava para ela quase todas as noites. Falavam horas, ele adorava as bobagens românticas dela, e os dramas que pareciam sempre se resolver. Um final de noite, quando ela contou que iria para a cidade dele com uma amiga ele a convidou para ficar na casa dele. Ela relutou, mas topou. Iriam as duas. O final de semana foi incrível. Finalmente eles ficaram juntos. Ele achou que era melhor do que esperava. Para se conectar a ela, adicionou a amiga em uma rede social e começou a conversar. Achou que seria importante terem um elo de ligação. Não funcionou. Aos poucos se afastaram. Ele nunca disse que pensava em namorar com ela. 
Ela adorava quando ele ligava. Achava aquilo fofo e tentava falar de mil assuntos. Enchia o telefonema com assuntos tolos, mas só por gostar dele e ficar nervosa. Um dia, ele convidou ela e uma amiga para ficarem hospedadas na casa dele em um final de semana. Ela achou estranho, mas topou. E foi sensacional. Se aproximaram muito, se envolveram e finalmente ficaram. Ela achou melhor do que esperava. Depois do final de semana, ele adicionou a amiga dela em uma rede social e começou uma tentativa constante de bater papo. Elas não entenderam aquilo. Para ela ficou claro que ele estava decidido a ficar com mais uma da turma. Aos poucos, se afastaram. Ele nunca soube que ela consideraria namorar com ele. 

sábado, novembro 29, 2014

Eu caminho sem deixar de pensar em ti. Sorrio, sem deixar de pensar em ti. 
Durmo sem deixar de pensar em ti.Trabalho sem deixar de pensar em ti,
E então percebo, quão estúpido e infantil é isso. Quão bobo pode ser pensar em alguém o dia inteiro. Quão sem sentido pode ser isso. Pensar em ti, não diminui essa solidão imensa. Pensar em ti, não reduz nenhum dos meus problemas. Também não faz com que meu sorriso seja mais verdadeiro. E nem muda algum minuto desses dias. 
Pensar em ti, não te traz pra mim. Não te faz saber o que passa em mim. 
Então, por uma questão de lógica, de cuidado, eu decido que não vou mais pensar em ti. 
E se eu conseguir, fazer isso, vou patentear essa fórmula. 

Esperança que se foi

Esperança que me segue,
Esperança que me negue,
Esperança que já não sei.

Esperança que me segue,
Esperança que agregue,
Esperança que que te dei.

Esperança que me segue,
Esperança que me persegue,
Esperança que abandonei.

Se não fosse essa esperança, 
Ah, eu juro que já não sei.

quinta-feira, novembro 27, 2014

Se eu estiver feliz, talvez eu poste aqui músicas inusitadas, textos sem graça, poemas tolos.
Se eu estiver feliz, talvez eu poste aqui bobagens sobre coisas nas quais não acredito.
Se eu estiver feliz, talvez fale sobre viagens, receitas, amenidades.
O mais provavel?
Se eu estiver feliz, esse espaço sequer será visitado. Ficará as moscas. Felicidade não inspira textos. não inspira reflexões. Felicidade inspira vida.

Ela acabou na mesa de um bar....

Era um bar pequeno, escuro. Não tinha nada em comum com eles. Ele ainda não entendia o motivo de estarem ali. Ela, sofisticada, bonita, sempre bem arrumada. O que queria naquele lugar? Quando ela pediu uma cerveja e a porção de calabresa, ele entendeu menos ainda. Ficaram olhando um para o outro. O olhar era hipnotizante. Isso não mudava. A química entre eles permanecia forte. Continuavam soltando faíscas.
Ele pegou na mão dela, pousada naquela mesa de madeira fuleira. Ela puxou em direção ao próprio corpo. Ele não entendeu, e continuou olhando para ela. Não diziam palavra. Enquanto ela beliscou a calabresa, ele fez novo gesto em direção a mão dela. "Pra que isso? Tu sabes que depois vai sumir. Vai procurar outra. Vai me tratar como se não tivéssemos tido nada. Pra que agir aqui como se eu fosse tão importante?". Ela jurou para si mesma que apenas diria o que tinha a dizer. Não conseguiu.
Ele, que não esperava ser colocado contra a parede, ficou mudo. Analisou cada centímetro do rosto dela. Pensou em cada palavra. Repetiu o discurso: "Eu sempre machuco quem se envolve comigo. Te disse isso lá atrás. Não posso deixar a coisa ficar diferente de como está". Ela gargalhou. Uma gargalhada grossa e forte,  misturada às lágrimas. Ele achava que ela acreditaria, novamente, nisso? Ele achava que ela acreditaria que pudesse ser tão racional? A matemática ali era simples: ela nunca gostou dela o suficiente. Permitiu que ela se envolvesse por ser divertido, mas nunca foi homem para assumir que não estava envolvido. Fez esse estilo de homem que não pode se doar pq era mais bonito. Mas ele se doava a tanta gente. Era gentil com todos, menos com ela. Conversava com todos, menos com ela. Respondia a todos, menos a ela. E o mais doloroso, é que tinha sempre um elogio, uma palavra doce para todas, menos para ela. Ele achava que ela não via. Impossível. Estava tudo ali, na cara dela, mesmo que não quisesse. As promessas não cumpridas. O presente que prometeu e que nunca entregou. A dedicatória que não fez. O jantar que foi desmarcado. O final de semana que só aconteceu na idealização. Ela lembrava, claro, mas esta cansada para enumerar. Para explicar para ele como se sentia. Nao tinha mais energia. Nem vontade. Gostar já não resolvia mais.
Escolheu aquele lugar para que não houvesse risco de ser novamente envolvida por ele. Uma mesa dura, uma comida seca, um lugar feio. Ela marcou um lugar em que a sedução dele ficasse acanhada. Um lugar em que ele não se sobressaísse. Onde ela, pela primeira vez, fosse mais forte, mesmo sentindo tanto por ele. Apesar de saber que quase o amava, ela percebeu que o pouco caso dele a libertara. Com dor, mas ainda assim, a libertara. Ela queria ser valorizada. Admirada. Ela queria que o gostar dela fosse bem-vindo. Ela preferia até ser mandada a merda a ser tão ignorada. E com ele, continuaria sendo esse ser morno em que se transformara. Morno e inseguro.
Ela levantou. Pegou a bolsa, virou e saiu. Sabia que não havia mais o que fazer. E que ele a entenderia. Nao faria diferença, aliás. Só que dessa vez, para nenhum dos dois.

terça-feira, novembro 25, 2014

Saudades do que não vem

Há um tempo em que acreditamos ter uma força absurda. Acreditamos poder tudo. Acreditamos conseguir tudo. Acreditamos no amor. 
Há um tempo em que não temos descrença. Não precisamos de fé. Não precisamos de força. Fazemos o quisermos.
Há um tempo em que paixão nos alimenta. Suspiros nos lavam a alma. Sonhos nos satisfazem.
Há um outro tempo, em que a realidade chega. E finalmente percebemos que temos limites. Que bater em paredes dói. Que não é possível amar sozinho. Nesse tempo, nossas frustrações tomam proporções assustadoras. Nossos medos assombram. Nosso sono vai embora. Nesse tempo descobrimos que a fome é mais amiga da felicidade. E a depressão chega mais facilmente nos tristes. Nesse tempo, entendemos que amor não mata. Mas pode, sim, fazer pessoas trilharem caminhos escuros. Nesse tempo, sentimos saudades.

segunda-feira, novembro 24, 2014

Momento Rubem Alves

"Eu quero desaprender para aprender de novo.
Raspar as tintas com que me pintaram.
Desencaixotar emoções, recuperar sentidos."

domingo, novembro 23, 2014

Quem tu não é

Não és aquele encontro inesperado, que conheci num jantar com amigos, apresentado por alguém e cheio de comentários e referências. Alguém que certamente seria meu número e com quem eu teria tudo para dar certo.
Não és o cara que me pediu mais uma noite, apenas para ficar me abraçando, enquanto me olhava dormir sorrindo. Nem és o cara que me deixou em casa, pedindo que eu voltasse mais tarde, para continuarmos de onde paramos.
Também não és o cara que me fez sonhar acordada várias noites, somente pelas mensagens bobas de boa noite que me mandava. Muito menos és quem mandava flores. Não és aquele que me cobria de presentes para demonstrar como eu era importante. Nem me fazias declarações inesperadas.
Nunca fostes o cara que me esperava todas as noites. Que tem hora marcada, dia certo para fazer cada programação. Tu nunca foi um homem que me dá segurança ou certeza, o homem para casar, namorar ou imaginar um desses relacionamentos rotuláveis.
Ao contrário dessas certezas bobas, és a incerteza. És o mistério e a curiosidade. És o que aconteceu de maneira inesperada. O beijo que eu não consigo esquecer. O desejo que me consome. O abraço que eu peço. És o cheiro que eu não esqueço. A paixão que não podia ter acontecido. O que eu quis, sem querer. A ilusão de encontro. És meu precipício. A minha certeza de não querer rótulos. Tu é meu café mais amargo. O calor, o tesão, o encontro mais raro. És minha certeza de que alguém pode ter as mesmas dificuldades e medos que eu tenho, e ainda assim ser especial. É tu o que eu mais quero. E é o que não vai acontecer. Virou minha certeza de que gostar  sozinho não basta. Tu és minha dura lição. Meu desejo e meu gosto de quero mais. É quem me deixou com tanta vontade de ti.
Tu foi meu melhor, mas virou meu basta. Só preciso entender isso.

sexta-feira, novembro 21, 2014

Tu Tens um Medo - Cecília Meireles

"Acabar. 

Não vês que acabas todo o dia. 

Que morres no amor

Na tristeza. 

Na dúvida. 

No desejo. 

Que te renovas todo dia. 

No amor. 

Na tristeza 

Na dúvida. 

No desejo. 

Que és sempre outro. 

Que és sempre o mesmo. 

Que morrerás por idades imensas. 

Até não teres medo de morrer. 

E então serás eterno. 

Não ames como os homens amam. 

Não ames com amor. 

Ama sem amor. 

Ama sem querer. 

Ama sem sentir. 

Ama como se fosses outro. 

Como se fosses amar. 

Sem esperar. 

Tão separado do que ama, em ti, 

Que não te inquiete 

Se o amor leva à felicidade, 

Se leva à morte, 

Se leva a algum destino. 

Se te leva.

E se vai, ele mesmo... 

Não faças de ti 

Um sonho a realizar. 

Vai. Sem caminho marcado. 

Tu és o de todos os caminhos. 

Sê apenas uma presença. 

Invisível presença silenciosa. 

Todas as coisas esperam a luz, 

Sem dizerem que a esperam. 

Sem saberem que existe. 

Todas as coisas esperarão por ti, 

Sem te falarem. 

Sem lhes falares. 

Sê o que renuncia 

Altamente: 

Sem tristeza da tua renúncia! 

Sem orgulho da tua renúncia! 

Abre as tuas mãos sobre o infinito. 

E não deixes ficar de ti 

Nem esse último gesto! 

O que tu viste amargo, 

Doloroso, 

Difícil, 

O que tu viste inútil 

Foi o que viram os teus olhos 

Humanos, 

Esquecidos... 

Enganados... 

No momento da tua renúncia 

Estende sobre a vida 

Os teus olhos 

E tu verás o que vias: 

Mas tu verás melhor... 

E tudo que era efêmero se desfez. 

E ficaste só tu, que é eterno."


Vai. E se não puder amar, deseja.





quinta-feira, novembro 20, 2014

Gostar sozinho não basta

Pouco me surpreende.
Ainda me surpreende pensar que pessoas possam usar sua inteligência para manipular sentimentos dos outros.
Ainda me surpreende que alguém que sabe o que não quer finja que quer por pura diversão, ou por ego.
Ainda me surpreende que pessoas mintam apenas para manter o controle sobre pessoas fragilizadas, ou expostas.
Ainda me surpreende que quem investe e se dedica a alguém vire um ser fácil de enganar.
Ainda me surpreende que sentimentos virem objetos descartáveis.
Ainda me surpreende que pessoas que se doam virem bens de consumo.
Ainda me surpreende que com tudo tão fora do eixo, com tanta coisa bagunçada pessoas se apaixonem. Se mostrem. Gastem tempo com outras, insistindo em conquistar e demonstrar.
E o que mais me surpreende é ver as pessoas, diante do óbvio, relutando em aceitar que não vale a pena investir na pessoa errada. Aceitando gostar sozinhos. Ou, pior, investindo em quem age de má fé, apenas pelo prazer de destratar quem gosta.

terça-feira, novembro 18, 2014

But we're caught in a trap.

"É por isso que eu não quero te ver nunca mais (Flávia Queiroz - Entre Todas as Coisas)

Acordei atrasada outra vez. Pulei da cama arrancando a roupa e corri para o banho. Não havia tempo para o café, mas eu sabia que seria atormentada por horas de mau humor se não bebesse um gole do meu elixir.
Coloquei Elvis para tocar enquanto penteava o cabelo e aguardava a água ferver. (Espero que minha mãe não leia isso. Ela odiaria saber que escovo o cabelo no meio da cozinha.)
Elvis cantava, a água fervia e eu fazia um rabo de cavalo sem graça quando me peguei pensando em você. A música não tinha nada a ver com a gente, mas também não temos nada a ver um com o outro e isso nunca nos impediu de tentar.
Quer dizer, eu tentei. Tentei desesperadamente, como quem fica com a mão dormente depois de murros e mais murros em ponta de faca.
Cheguei a procurar um chip sob a pele. O que foi que você fez comigo para passear assim pela minha cabeça?
A gente não fala a mesma língua e ainda que o encontro da minha língua com a sua tenha gosto de céu, o minuto seguinte costuma ser aterrador como o inferno.
É por isso que não quero te ver nunca mais. Quietinho, Elvis! Deus me livre da sua voz me fazendo pensar nesse cara.
Eu brigava com a sua lembrança, a água borbulhava, a escova repousava e o tempo continuava passando. Esqueci do café e do relógio enquanto desenhava sua imagem mentalmente e procurava me convencer dos seus defeitos. Um trabalhão, diga-se de passagem!
Pode tirar o cavalinho branco da chuva, benzinho! Não é porque lembrei de você enquanto o filho da puta do Elvis cantava que vou me render aos seus encantos.
We’re caught in a trap, meu caro."



Podemos passar uma vida fingindo que não percebemos o óbvio. Aceitando desculpas como verdades. Justificativas como realidade.
E então um dia, do nada, cansamos. Queremos aquilo que merecemos. Decidimos não nos contentar mais com pouco. Mesmo que isso signifique abrir mão de algo que muito desejamos. A razão? Nem precisa existir. As vezes só lembramos que gostar de nós mesmos é melhor do que gostar de quem não nos vê como deveria. Ou de alguém que prioriza o mundo, antes de nós.

Ela teclou adeus

Há quase dois anos atrás eles se conheceram. Na época, eles tinham o mesmo número de amigos no facebook. Na vida real ela nunca soube. Ele era conhecido. Ela era bem relacionada. Eles moravam em cidades diferentes e só se viram pessoalmente um ano depois. Ele ainda mais conhecido. Ela a mesma pessoa bem relacionada. Ao vivo, ele era mais incrível, envolvente, apaixonante.
E ela se apaixonou. Ela não podia, mas se apaixonou. O tempo passou e eles continuavam se falando, se relacionando daquele modo capenga, a distância. Ela se mudou. Agora, moravam na mesma cidade. Ele tinha 3 vezes o número de amigos dela no facebook. Um incontável número de seguidores no Twitter. Conhecia todo mundo na cidade em que moravam. Ela era uma forasteira, que deixou seu bom relacionamento na cidade que já não era mais dela. Uma pessoa que tentava se firmar em um lugar novo. E talvez não tivesse nada, além dela mesma, para dar para ele. Ela sabia que isso era muito. Ela era incrível e talvez só ele não soubesse disso. Não visse o quão especial ela era e o quanto gostava dele. Era sempre carinhoso, afetuoso, dizia o que sentia, mas sempre criava uma barreira entre os dois. Sempre distanciava a intimidade.
Depois de alguns desencontros. De alguns encontros. De algumas tentativas, ela cansou daquele jogo. Resolveu que assim não queria mais. Mas ela não desistia antes de tentar tudo. Então, se declarou para ele. Sabia que nada daquilo era exatamente uma novidade, apenas queria ter certeza de que ele sabia o quanto era especial para ela. Escreveu, falou, se expôs. Jogou todas as cartas na mesa. Perdeu.
Ele passou a ignora-la. Não respondeu. Decidiu nem mesmo dizer que não queria continuar. Apenas optou por não falar mais com ela, como covardes fazem. A partir desse dia, era como se os "eu gosto" fossem todos da boca pra fora. Como se os "sinto saudades" fossem todos vazio. Como se os "já passamos dessa fase" e "vamos dar um jeito" existissem apenas para ocupar silêncios. Ela não mereceu nada.
Na primeira noite em que se sentiu ignorada e percebeu que perdeu, ela chorou. Na segunda também. Na terceira noite, ela entendeu. Precisava se permitir novamente. E havia oportunidade, havia chance. Doeria, afinal sentimentos não vem com botão de liga e desliga, mas ele seria deletado do pensamento dela. Mais cedo ou mais tarde, ela sentiria tanta indiferença quanto ele. No dia seguinte, doeria menos, e menos, e menos. E em uma cidade em que se é uma estranha, ela teria isso a seu favor.
Agora era questão de esperar. Na vida, tudo é uma questão de tempo.

domingo, novembro 16, 2014

As vezes a gente se satisfaz com pequenas migalhas. Um "eu gosto de ti" aqui ou "eu tenho saudades" ali. Se expõe. Se mostra. Batalha pra dar demonstração pra quem nem está mais tão preocupado com isso. A gente nem percebe que chegou ao limite.
As vezes a gente fica tão envolvido na nossa própria vontade, nosso próprio sentimento, que nem percebe que já não tem mais retorno. Nem percebe que o outro já está no piloto automático. Que chegou ao limite. 
Em um determinado momento é bom olhar pra gente e pro outro. Cuidar pra não se doar a mais, nem receber a menos. Afinal, tudo na vida tem um limite. 

segunda-feira, outubro 13, 2014

Sempre ela...

E então, eu estou aqui no meio do turbilhão e vem aquela Dona Morte me assombrar de novo. E ela, só ela, que consegue fazer com que eu pense e repense tantas coisas na minha vida. Sempre a morte me deixando sem reação. Me fazendo rir de nervosa ou chorar de pânico. Me deixando sem chão. Tirando as palavras justo da boca de uma pessoa que raramente fica quieta.
Então, estou aqui, em lágrimas por uma pessoa que vi poucas vezes. Não pela pessoa, mas por quem ficou e eu conheço tão bem. E por pensar que poderia ser eu a passar por isso de um minuto pro outro. Essa coisa abrupta de não ter mais a pessoa amada sem tempo para despedidas.
A morte, sempre ela, que me faz questionar a vida. Só ela tem esse poder. E justo nesse final de semana. Dias que me puseram a questionar tantas coisas, vem a morte me fazer olhar a vida. No final de semana em que passei horas conversando com uma das pessoas que mais me conhecem, sem olhar para o telefone, me perguntando o que eu realmente quero de tantas relações em rede. No final de semana em que quebrei meus paradigmas para dar uma demonstração de carinho para alguém especial que me responde com "copy paste", sem sequer olhar o que eu fiz. No final de semana em que meu gatinho está doente e eu estou tão longe sem poder médica-lo, fazer um carinho, ficar tranquila. No final de semana em que minha sobrinha pede por mim e eu não posso abraçá-la, curtir essa demonstração. Nesse final de semana a morte chega para me lembrar que a vida é muito curta para eu me apegar a dores tão pequenas. A pessoas tão insensíveis. A cenas que já vivi.
Nesse final de semana, eu que parei de acreditar em acaso, começo a achar que talvez esteja recomeçando um namoro com ele. Para reaprender as coisas que esqueci lá atrás. Para valorizar um pouco mais cada momento tão pequeno da vida.
Já que cada vez mais me é escancarado que ela é tão efêmera.

Punida pela noite

Eu não achei que fosse possível conseguir o que mais queria e sentir um vazio tão grande. 
Eu não achei que fosse possível chegar onde eu tanto queria e me sentir tão perdida.
Eu não achei que fosse possível estar onde finalmente estou e sentir esse misto de sentimentos, essa confusão.
Eu não achei que um dia eu pudesse estar sozinha em algum lugar, e isso me abalar.
E tudo isso é possível.
Todos os dia pela manhã, eu caminho por 15 minutos até o trabalho e me sinto realizada, plena e satisfeita. E meus dias são ótimos, eu rendo e acredito que pertenço a esse lugar. Todos os dias o sol e o calor me dão uma energia que nem entendo de onde sai. E que acaba junto com ele.
Todas as noites, o oposto aparece. Sou consumida por um vazio que não se explica. Nao um vazio que me faça pensar em ir embora. Não é isso. Não um vazio que me faça falar em arrependimento. Nada disso. Apenas um vazio que não sei. Um vazio que não entendo. Um vazio que beira o desanimo e que me tira a força.
Eu não me entendo aqui. A cada manhã eu amo a cidade. A cada noite eu me apequeno e me diminuo. Eu emagreci. Eu perdi a fome, Eu não procurei os amigos que tenho. Eu me silenciei em casa. Tudo isso nas noites de uma cidade que adoro.
As noites que me deprimem. As noites que me sugam. As noites que me deixam vazia, rolando com minha insônia de um lado ao outro da cama. Aqui, as noites me consomem.
Aqui, eu estou dia. E isso não pode durar para sempre.

domingo, outubro 12, 2014

Hoje, escondido em meio aos meus passados presentes, lembro com medo e saudade, como o amor um dia já me pareceu certo. O tempo passou, algumas dores ficaram e os traumas me parecem constantes. Independente disso, ainda caminho me apaixonando e, volta e meia, me dizendo que agora não é hora de amar. Mas, em silêncio, sei que sempre é hora de amar. Sei também que talvez o meu receio de amar seja só para ele ficar cada vez mais vizinho. Já que com tempo aprendi que quando rejeitamos o amor, o tornamos cada vez mais presente, pois o relembrar da necessidade de esquecer é uma memória presente e covarde.
Dores de amor caminham sempre conosco. A memória voa. A saudade é incansável. Mas o amor é certeza. E mesmo quando não é, deveria ser. O medo de amar é uma constante para todos que já foram para-raio dos descasos alheios. Mas amor é flor e cheiro, e, por mais que se vá, a flor sempre deixa seu perfume ao vento. E, por acaso você já viu o vento ir embora e nunca mais voltar? Ele sempre volta, vezes calmo, como quem sussurra e te conta algo, vezes se guarda para vir tempestivo, mas, quando vem, não há resistência que sirva de muro.
Que sejamos mistérios de amar, mas também vontade de viver. Que tenhamos medo, mas não descartemos a possibilidade de nos surpreender. Por fim, que sejamos sempre amor. E, se o medo quiser nos convencer que histórias e traumas se repetem, digamos a ele que ele precisa amar um pouco mais…
(O medo de amar - Frederico Elboni)

segunda-feira, setembro 22, 2014

Sem razão

Tem dias como o de hoje. Dias de uma tristeza profunda, de uma preguiça violenta, de uma dor latejante. Dias de sem saber o motivo, sentir assim, um vazio tão grande que nada preenche. Dias em que estamos absurdamente rodeados de gente, mas a mente não absorve essa informação. Dias em que a comida é saborosa, mas o paladar não percebe. Dias em que o riso não sai, mas as lágrimas brotam.
Hoje, estou assim. Em um dia de sombras, de cinzas, de luto. Um dia de uma dor sem motivo. Um dia de tristeza injustificada. Um dia em que quero um colo, e nem sei de quem. Ou sei, mas não tenho. Hoje, eu posso estar sozinha, acompanhada, não importa. Meu coração está apertado, pequeno, sem força.
Eu só queria entender a razão. Deveria ser exatamente o contrário.

domingo, setembro 21, 2014

Hoje eu sei que é tu.

Acabei de saber que hoje é dia mundial do Alzheimer. Uma data que me fez lembrar da minha vó. E sentir uma saudade imensa.
Minha saudade? A da minha vó presente e cheia de vida.
Ela sempre foi uma figura e tanto. Sempre ali, muito forte para mim. Desde que nasci, até meus 18 anos, eu a via quase diariamente. Tenho duas lembranças marcantes dela. Primeiro, a loucura dela por falar alemão. Isso me afastou da língua, pois de criança aquilo me assustava. A outra memória é a dela aceitando meus pedidos e fazendo batatas fritas para mim no café da manhã.
As vezes nem eu acredito, mas minha vó fazia batatas fritas de café da manhã para mim sempre que eu ia dormir na casa dela. Isso significa uma vez por semana. E junto me dava coca-cola. Claro, que era nosso segredo. Até hoje não sei se minha mãe não sabia, ou fingia que não sabia. Dormir na minha vó era uma aventura. Eu vestia as roupas e usava as jóias dela. Ganhava presentes. Dormia na cama com ela. Comia batatas fritas (na casa dos meus pais só havia fritura nas férias). E podia dormir vendo televisão. Com certeza, era o melhor momento da semana. Eu cresci, e alguns dos nossos pensamentos, nossa maneira de ver o mundo afastaram nossos diálogos. Não nosso afeto. Ela era uma alemã típica, mas carinhosa do jeito dela. Nossa convivência continuava quase diária. Minha vó sempre foi uma referência de afeto, carinho e amor.
A vó Edith não teve Alzheimer, mas câncer. A doença dela foi causada pela idade, segundo o diagnóstico na época, mais de 10 anos atrás. So apareceu quando estava metastica, no cérebro. E aí é que entram essas coisas complexas. A metastase da minha avó apresentava as características do Alzheimer: a confusão mental, irritabilidade, a agressividade, as alterações de humor, as falhas na linguagem, e perda de memória recente. Só que tudo isso veio junto, e muito rápido, não em estágios. Ela tinha uma doença, com todas as características da outra, juntas. E não podíamos tratar os sintomas, pois era câncer. Todo o processo foi muito rápido, enquanto ela ainda estava lúcida deixou muito claro que não queria fazer químio, rádio, nem cirurgia. E logo depois foi tudo se misturando até que aquela senhora gorda e forte ficou muito frágil e magrinha. Ela definhou. Nunca soubemos onde ela teve câncer originalmente. Começou com o que parecia um AVC, no dia do aniversário de 83 anos dela. Depois parecia uma paciente de Alzheimer, e então finalmente, nos mostrou a face do câncer. O diagnóstico da metastase veio algum tempo depois da primeira crise dela. O processo todo durou menos de dois anos.
Quando a situação da doença acelerou, tudo ficou um pouco nebuloso para mim. É uma etapa da minha vida em que muitos momentos, muitos diagnósticos, muitas conclusões, deletei. Algumas coisas tento até hoje recuperar. Lembro com clareza da fase das acompanhantes em casa, que ela expulsou. Depois um período na casa da minha mãe e depois hospital, muito desse tempo na CTI. Esses dias, já não tão claros. E lembro de muitas conversas. Lembro de ser confundida com a minha mãe ainda menina, e muitas vezes com a mãe dela. E o que mais lembro, com dor, são as conversas repetidas. Conversas que repetiam os momentos recentes, minhas chegadas na casa da minha mãe. As mesmas perguntas. Lembro de termos por 4 ou 5 vezes o mesmo diálogo. E do sofrimento de quando ela começou a não conseguir falar certas palavras. Queria dizer uma e acabava falando outra. Ela percebia, e sofria. As vezes chorava. Depois se enfurecia. Berrava. Se acalmava. Eu olhava, pegava a mão dela. E tudo recomeçava.
Hoje eu me solidarizo com quem tem alguém amado passando por isso, alguém querido com DA. Não foram anos, no meu caso, nem um processo que se agrava lentamente. Só que acho que consegui vislumbrar um pouco do que é viver pensando em como ser o amanhã. Seremos reconhecidos? Lembrados . Conseguiremos conversar? Eu amava aquela senhorinha. Aproveitei cada momento que pude com ela. Os momentos de lucidez, os momentos em que ela percebeu que estávamos nos empenhando, nos dedicando. E teria aproveitado mais. Queria mais dias em que ela lembrasse que era eu. Por que não tem preço. E vale na lembrança que eu tenho dela, há cada ano que passa, desde lá.

Página em branco

Talvez nunca nos encontremos nesse mundo confuso, desencontrado, perdido de sentimentos incorretos. Talvez nos dois passemos o tempo assim, brincando de gato e rato. Eu aqui, te desejando, te buscando, tentando mostrar o quanto isso e real. Tu ai, te esquivando, deixando respostas não dadas, mostrando essa indiferença boba e infantil.
Talvez esse seja o nosso presente e o nosso futuro. Dois adultos brincando como crianças. Desperdiçando oportunidades. Abandonando sorrisos.
Vai saber? O que podemos dizer do amanhã, se nem coordenamos o hoje?
Talvez eu tenha tenha te dado tantas certezas nessa tua incerteza. Talvez tenhas me deixado tão insegura na minha segurança. Talvez, e só talvez, o que tinha de ser já tenha passado.
E talvez, tudo possa começar a ser escrito agora. Da maneira correta, com jeito e sem pressa. Talvez esse tudo, ou nada, até aqui tenha apenas sido uma grande preparação para que possamos aproveitar o que está por vir. Sem medos e sem traumas. Apenas com entrega, sabendo que cada momento é único. E lembrando que não precisamos antecipar nada.

O caminho do meio

Tem gente que está sempre dizendo que as coisas são difíceis, complicadas e que algumas situações impedem que consigamos o que buscamos. Tem gente que vai lá e nos empurra para frente, nos dá uma injeção e de animo e não nos deixa desistir nem mesmo quando aquela tristeza se abate sobre nos.
Tem gente que diz que devemos começar pelo caminho mais curto e mais fácil. Que não adianta ter desejos muito alto. Que é melhor caminhar aos poucos. Tem aqueles que dizem que é preciso ter foco, que dar tiro para todos os lados não vai nos levar a lugar nenhum. Que objetivos precisam ser claros e nunca pequenos. E o que mais gosto, "andar pouco não quer dizer andar curto".
Eu vou dizer o que eu acho. Chega uma hora na vida da gente, em que é preciso ter coragem. Definir, sim, um objetivo. Ter foco e ir atrás dele. Se parece difícil, se parece maior do que nossos braços, precisamos pensar na estratégia correta. O que não da é para ficarmos nos contentando com meios caminhos, com atalhos. Depois de um momento, a vida não perdoa mais. Ou se corre atrás daquilo que se quer, ou se aceita sempre ficar no caminho do meio.
Eu fiz a minha escolha, e não será pelo caminho curto.

sábado, setembro 20, 2014

Eu sempre digo que na vida, quanto mais expectativas criamos, mais dificuldades temos. Sim, o motivo é lógico. A expectativa é a mãe da frustração. Ela nos faz criar, sonhar, tirar os pés do chão. Com expectativas voamos longe. Criamos um mundo irreal, ilusório. Onde tudo o que mais desejamos acontece.
E então, na vida real cheia de problemas, desencontros, trânsito e trabalho... na vida onde as coisas acontecem, a expectativa dá de cara com fatos, empecilhos e realidade. E aí... Bem aí ela é obrigada a se recolocar no seu verdadeiro lugar, lá no fim da fila, bem ao lado da amiga ansiedade.
E quando, finalmente as duas ocupam o o lugar do fundo a vida real começa a acontecer, começamos a deixar as coisas fluírem. Começamos a permitir que tudo aconteça, que tudo o que precisa chegar até nos, chegue. Finalmente, quando mandamos a expectativa embora, a vida começa a andar. E aquilo que nem imaginávamos mais ser possível acontece, chega para nós bem certo, redondo e perfeito, nas nossas mãos.

sexta-feira, setembro 19, 2014

O cliente, sempre!

E como nessa semana foi o dia do cliente, vai um caso, quase real, por aqui:
Na sala de reuniões estão todos reunidos avaliando o projeto para orçar. O cliente deu um retorno que não era esperado pedindo mudanças. A promoção é sensacional, e acabou ficando engessada. Comercial e marketing adoram, mas não abrem mão de realizar a ação no ponto de venda. Estão ali, reunidos para uma última opção antes de finalizar o orçamento. O tempo está esgotado. Atendimento, criação, produção, planejamento. Os envolvidos na ultima etapa do projeto olham para aqueles papéis. Atendimento começa a ler os questionamentos feitos pelo cliente e evidenciar que precisam adaptar o formato. É uma promoção de rua, e adapta-la não bate. Só que o cliente não está interessado nesse detalhe, quer a ação como foi desenhada para a rua, mas no PDV.
O criativo não se conforma. Olha para o teto. Para a mesa. Se movimenta inquieto na cadeira. E então, antes de jogar a toalha tem sua última ideia. Quase sem esperança, joga na mesa sua visão de como contornar a regra chata e engessada que está inviabilizando sua grande ideia. O grupo não acredita. Parace surreal aquilo que acontece ali. Estão há um mês dando voltas para achar aquela solução, e em um minuto ela apareceu! Atendimento e planejamento começam a tagarelar. Não há tempo, o prazo do orçamento é curto, por causa do fechamento do Burguer da empresa. Já não conseguem apresentar novidades do projeto ao cliente. Um deles levanta e sai da sala. Volta minutos depois com um ok. Atalhou, mas resolveu. Todos os envolvidos começam a apresentar as listas, fornecedores, equipe, freelas que precisam ser contratados. Há tempo hábil e já podem marcar a apresentação do orçamento. Aquilo ali será grande. Até maior que o projeto original.
Chamam um dos estagiários. Ele tem perfil e já querem inclui-lo no projeto. Tem a idade do público que precisam atingir. É conectado com quem focam. Será ótimo ouvi-lo. Começam a explicar a alteração. Ele ouve, parecendo aéreo como sempre. Antes mesmo do fim, ele questiona exatamente o novo formato. A posição é clara, continua não achando a marca atrativa, não é uma empresa que fala com ele e a promoção é show se, e apenas se, for fora do ponto de venda. Ali, como está desenhada "pode chamar a atenção, mas não o faz entrar na loja". O criativo se atira de volta na cadeira. O atendimento pensa em como não berrar. Planejamento apenas joga a cabeça na mesa. Em 30 minutos conseguiram e perderam a solução. Sao quase 21h de uma a sexta-feira? Teriam que recomeçar tudo de novo.
Quem mandou não perguntar para o público alvo?

quinta-feira, setembro 18, 2014

Tem dias em que é possível acordar sentindo o aroma do café. O perfume das flores. O cheiro do pão. São dias em que levantar pela manhã é mais leve, mais fácil, mais fluido. São dias em que imaginar um bom dia funciona melhor.
Tem dias em que conseguimos potencializar nossas energias em coisas boas. Imaginar que apenas o que desejamos acontece. Vislumbrar respostas positivas. Definir caminhos mais longos e sem trânsito. São dias mais divertidos.
Tem dias em que conseguimos nos sentir felizes, mesmo sem motivos reais para isso. Eu gostaria de ter dias assim, todos os dias.

quarta-feira, setembro 17, 2014

Com um abraço, sonho
Com um sussurro, desejo
Com um beijo, arrepio
Com um toque, perdição
Com teu corpo, paixão
Com tua alma, ai sim, tesao.

O que eu sei

Eu nao sei o que é. Pode ser um outro alguém. Um problema. Pode ser falta de fé. Ou excesso de medo. Pode ser apenas uma tentativa boba de me mostrar que estou errada. Eu nao sei o que é.
Eu sei desse inverno que me invade com o silêncio. Eu sei do frio que eu sinto com a ausência. Eu sei do cansaço que me causa esses tantos e tantos nãos. Sei que é difícil nao desistir. É tão difícil não ter outros caminhos para chegar mais vezes em ti. Sei que em alguns dias sou invadida pela desesperança e abraçada pela tristeza. E sei que essa solidão fica maior quando penso que já nem sei se há uma razão para fazer tanto.
Só que nao te iluda. Eu te disse que apenas desistiria quando tu me dissesse, com todas as letras que não haveria um outro momento para mim. E tu não disse, nem diz. Então ainda estou aqui. Mesmo que tu nao entenda. Isso é sério para mim. Não é coisa de menina mimada querendo um brinquedo, como tentas mostrar. Isso é sentimento de gente grande.Tenho as  promessas que foram feitas. Os olhares que estão guardados. Os aromas para serem lembrados. Tenho teu beijo, teu sorriso, teu olhar que expõe a alma.  Enquanto eles estiveram por aqui, comigo, nao há o que me faça desistir. Com exceção da tua palavra. E ela, é a única que nao está aqui. Ou eu não sei.

domingo, setembro 14, 2014

Água correndo no corpo
Toque da toalha aquecida
Sensação gostosa do algodão
Camiseta macia na pele
Roupa de cama perfumada
Cama pedindo para ser desfeita
Travesseiro fofo de penas
Edredon bem leve
Insônia que estraga tudo.

domingo, setembro 07, 2014

Moeda

Ele estava sentado em uma poltrona, tragando o cigarro, enquanto a olhava deitada no sofá. Pensava na insistência dela em procurá-lo. Pensava no quanto ela persistia. O que ela tanto queria, afinal? Era muito difícil para os dois terem um relacionamento. Ele tinha essa vida tão complicada, tão cheia de imprevistos. E tinha tantas coisas para resolver diariamente. Ela era jovem, bonita, instigante. Estava ali, sempre invadindo o espaço dele, sempre demonstrando tão claramente o que queria, sempre deixando tão óbvio que não desistiria. Parecia que quanto mais ele a afastava, mais ela fazia questão de se aproximar. As vezes, ele achava que era só pelo gosto da conquista. Que se ele cedesse aos encantos dela, se deixasse ela se aproximar mais ela desistiria. E se ele cedesse podia gostar. Se ele gostasse e ela desistisse podia sofrer. Então, ficavam nesse jogo de gato e rato. Ele achava tão difícil que aquilo que ela dizia fosse real. O que ela via nele? O que queria com um homem mais velho, enrolado e tão indisponível?  Ela devia ter tantas opções. Aquilo ali só pode ser teimosia dela em conquista-lo. Talvez fosse mais seguro continuar duvidando dela e a afastando...
Ela estava deitada no sofá olhando encantada para ele que fumava um cigarro com aquele ar misterioso. Pensava na insistência que tinha em procurá-lo. O que poderia fazer para que ele entendesse o que ela realmente sentia por ele? Sabia da dificuldade que havia para os dois terem um relacionamento. Ela estava nesse momento tão complicado da vida, tudo tão indefinido. Só que eles poderiam aproveitar ao menos os bons momentos juntos. Ele era enigmático, inteligente, e até divertido por trás de toda aquela culpa. E era tão carinhoso. Porque ele a impedia de se aproximar? Sempre com aquele discurso de que ela se machucaria. Sempre alegando que era assim que funcionava. Ele não conseguia entender que ela se magoaria mais do jeito que as coisas iam? Não havia como voltar atrás, ela já gostava dele. Ele era  complexo, forte e tinha aquele temperamento marcante. Nunca seria um homem fácil de conduzir. E isso a atraia. A força. Ela não desistiria se ele a deixasse se aproximar. Ela não estava brincando de conquistar. Havia sentimentos reais em jogo. Só que ele não conseguia perceber isso. Aquilo ali só podia ser teimosia dele em aceitar suas demonstrações. Talvez fosse mais seguro desistir e se afastar...

quarta-feira, setembro 03, 2014

Aeroportos e seus horrores

Eu nao entendo uma pessoa adulta usando crocs. Especialmente quando usa crocs e calca social.
Eu nao entendo uma mulher, adulta, que use barriga de fora para viajar. Especialmente quando esta muito fora de forma.
Eu nao entendo quando pessoas usam bonés em aeroportos. Nao, nao estou falando de chapéu Panamá ou Fedora, esses eu gosto, estou falando de bonés com logos imensas.
Eu nao entendo regatas, chinelos de dedos, blusas de cores néon calças baixas demais, modismos em excesso, e uma serie de peças de gosto duvidoso. E com exceção das viagens de trabalho, eu nao entendo quem viaja com roupas que nao sejam bem confortáveis.
Certamente eu não teria nenhuma paciência para ser uma consultora de estilo.

Desanimo

Tem dias em que bate um desanimo. Desanimo de tudo. De pensar em por que as coisas ficam tão complicadas. De tentar entender as pessoas. De olhar para mim mesma.
Tem dias em que bate um desanimo. Desanimo de levantar pela manha. De avaliar as opções. De medir esforços para tantas coisas inúteis. De questionar tudo o que já deu errado.
Tem dias em que bate um desanimo.  Desanimo de pensar o que vestir. Desanimo de olhar para a rua. Desanimo de ser prática com as situações.
Tem dias em que bate um desanimo. E nesses dias, eu me lembro das tantas vezes em que nao deixei que isso me derrubasse. Lembro das vezes em que transformei esse sentimento ruim em forca de vontade. Lembro que eu nao gosto de desistir. E então, nesses dias, vou lá fazer acontecer.

terça-feira, setembro 02, 2014

Semana passada esse blog, esse pequeno diário, atingiu o recorde de 682 acessos em um dia. Acostumada aos 25-30 acessos normais, com picos máximos de 200 em alguns períodos de postagens  diárias, sou obrigada a reconhecer que esse número me chocou.
Nos dias seguintes, os acessos  reduziram para 500, e depois de 3 dias (sem postagens) voltaram ao normal. Para quem gosta de escrever para si mesmo, para quem usa o blog como uma ferramenta de distração, isso teve um gosto estranho e até bem especial. Não vou mudar nada por aqui por causa disso. Mas conto para meus habituais 25-30 leitores, afinal, quando menos esperamos, surpresas acontecem.

quinta-feira, agosto 28, 2014

E quando não se acredita em mais nada, surge alguma coisa para alimentar a esperança. E quando se perdeu a fé, surge algum sinal para não desistir. E quando se está cansado, surge um carinho, um afago. E quando se está amargo, surge um sorriso longinquo. E quando se esta sofrido, surge um abraço amoroso. E quando, finalmente, se está em paz...
...quando se está em paz basta deixar que as alegrias nos abracem. Basta envolver a alma. Basta abrir o coração. Mesmo que dure tão pouco.

quarta-feira, agosto 27, 2014

saudades tuas

saudade do que nem sei
daquilo que não vivi
do tudo que não te dei

saudade do teu abraço
do teu corpo em contato
da sentir tuas mãos em mim

saudade do que passou
do dia que não tivemos
da noite que foi amor

saudades do que não vem
do que virou lembrança
do que foi só desejo

saudades de ti
de ser tão tua
de apenas estar ali





domingo, agosto 24, 2014

Solidão

Um dia uma pessoa me falou que era solitária por opção. Confesso, senti inveja. Eu sou solitária. Nao por opção. Sou por que me sinto sozinha.
Na maioria das vezes prefiro meu canto a lugares movimentados e badalados. Estar neles não vai mudar minha sensação. Sou sozinha. Fico solitária, por que na maioria do tempo não consigo preencher aquilo que nem sei o que é. Só sei que está ali. Quem não me conhece, nem imagina. Eu que estou sempre rindo, que sou tão falante. Enfim, sou sozinha, apenas, não infeliz.
Tem dias, como o dia de hoje, em que fico pensando no motivo de me sentir assim. Ser sozinho no meio de um monte de gente, é estranho. Ser sozinho quando se tem amigos carinhosos e preocupados, é incomum. Ser sozinho com uma família amorosa não é habitual. Mas é assim que me sinto. Sozinha, mesmo com tanta coisa acontecendo ao meu redor. Sozinha, no meio de uma multidão. Sozinha, se estiver com a pessoa errada. Sozinha, mesmo grata à generosidade das pessoas que ainda tentam encher minha vida de gente e movimento.
Talvez, um dia, nesse mundo louco, eu encontre alguém tão sozinho quanto eu. Alguém que entenda meu jeito de funcionar, dentro da minha solidão, e me tire dela sem desrespeita-la. Alguém que respeite meus silêncios. Minha necessidade de escrever. Meu gosto por ler ouvindo música, para preencher vazios. Meu jeito de ver vários seriados em sequência, para movimentar a casa. Minha paixão por cozinha, por causa dos cheiros e texturas. Talvez um dia, alguém que tem essa mesma sensação que eu tenho, de preferir seu mundinho a um mundo em que não se encaixa, me olhe e nós consigamos nos entender sem nem falar. Talvez, algum dia, eu possa simplesmente sentir que sou sozinha, mas também sou um par.
Enquanto isso, fico aqui, desfrutando da minha solidão. As vezes sofrendo com ela. As vezes compartilhando meu mundo com as poucas pessoas que não o invadem, que respeitam meus limites. Até lá continuo assim, sozinha. Nao infeliz.

quarta-feira, agosto 20, 2014

Perdida em ti

Eu não sei se tu imagina tudo o que eu gosto em ti. Até hoje me pergunto se já consegui te dizer todas as coisas que vejo em ti. Ou o que fez com que eu me apaixonasse.
Poderia falar do teu beijo. Quando nos beijamos, a sintonia é perfeita, parece que nascemos para isso. Poderia falar da química que temos. Algo único, tão raro, que me deixa sonhando por dias. Poderia mencionar teu sorriso tímido, difícil de arrancar. Sorriso de menino em um corpo de homem feito. Poderia ainda citar o teu modo de falar comigo. Teu tom de voz calmo, quase sussurrando meu nome. Ou o que escreves, o que dizes, tudo tem sempre tanto conteúdo, tanta relevância, tudo é tão ponderado e certo. Poderia falar sobre o quanto te admiro como pai. Da forma com que és sempre tão dedicado a tuas meninas. Poderia te lembrar do tanto que me fazes rir. Sim, tem dias em que dou gargalhadas com algumas lembranças. Tantos são os aspectos que me envolvem... Tantas coisas gosto em ti. Eu ficaria horas te contando.
Com tudo isso que adoro em ti, foi outra a razão pela qual me apaixonei. Tudo isso me envolveu. São os motivos que me encantam. Foi o que me chamou a atenção. É o que me conquista. Me faz querer estar perto de ti. Agora, me apaixonar? Ah. Isso foi em um momento. E eu lembro bem qual foi.
Eu soube exatamente quando me apaixonei. Fiquei entregue, por culpa deles. Em nosso primeiro jantar. Ali, enquanto eu prendia meus cabelos, com as mãos, tu me olhava com essas tuas bolitas por baixo dos óculos. Eu soube que estava perdida. Dissesses que eu me exibia para ti e desse um sorriso meio bobo, meio de menino, nesse dia, meio lisonjeado. Naquele momento, teus olhos me ganharam. Teus olhos que pareciam olhar minha alma. Pareciam me dizer: "eu sei, também tenho medo disso, também não entendo". Naquela noite, naquele restaurante, me perdi por ti. Baixei minha guarda e minhas barreiras. Estava entregue, totalmente. Tudo o que veio depois, foi consequência do teu olhar.
Com todas as coisas que gosto em ti. Com tantas qualidades que me fazem te admirar. Com tantas razões para querer estar perto de um homem como tu. Quando penso em ti, é teu olhar que vejo primeiro. Sempre que tento desistir dessa loucura, lembro de como olhas no fundo de mim, e esqueço de tudo. Esqueço até mesmo de como tudo isso é tão difícil.

Bandaid, por favor

Você acha que encontrou alguém incrível. Diferenciado. Maduro. Aberto. E essa pessoa é tudo isso, e ainda é espetacular com você. Você baix...