sexta-feira, janeiro 30, 2015

Tempo, tempo, tempo

Tempo. Uma palavra tão curta. Tão poderosa. Tempo cura dores. Saudades. Mágoas. Tempo aumenta alegrias. Reduz tristezas. Reaproxima pessoas. Ou as afasta. Tempo confirma amizades. Possibilita encontrar coisas perdidas. Descobrir que grandes amores não foram tão grandes. Ou que bons amigos eram, na verdade, um profundo amor. 
Quando eu permiti, o tempo transformou a semente que plantei em fruta. E essa fruta em nova semente. Adoçou naturalmente o amargo, ou amargou sutilmente a vida.
Esteve em mim entender a sutileza do tempo. Ou o atropelar. Dependeu do meu jeito, apenas. E da segurança com que tratei cada momento. Porém, ele, o tempo, segue quase sempre mais sábio do que eu. E é a noite, no meu travesseiro, que gosto de ouvir seu sussurro, sempre baixinho, em meu ouvido: me deixe passar que me entenderá. 
E tenho, finalmente, entendido o que isso quer dizer. Preciso apenas do meu tempo para fazer cada coisa da maneira correta. E tudo toma seu curso.

quarta-feira, janeiro 28, 2015

E quando as coisas não são questionadas. São decididas.
E quando as situações não são combinadas. Apenas unilaterais.
E quando as pessoas já não se preocupam. Apenas fazem.
E quando percebemos o tanto de infelicidade e solidão que há dentro de alguém. E o quão impossível é ao olhar alheio perceber isso.

terça-feira, janeiro 27, 2015

No teclado da vida.
Podr
Poderia ser podre. 
Poderia ser pode.
Na lógica podre. 
Colocou o ponto no pode.
Na realidade podre.
Disse adeus ao pode.
E resta racionalizar.
Onde há amor,
tudo pode.
Onde só intenções, 
se está podre.

Poderia

E então tu virou minha vida de pernas pro ar. E aquilo que estava indo bem, organizado, centrado e em ordem simplesmente saiu do eixo.
E então, tu me virou do avesso. E aquilo que em mim já parecia tão mais claro, tão mais lógico, tão mais racional, voltou a ser confuso e turvo.
E então tu me disse eu te amo. Mas esse é um amor que eu não quero. Um amor que me rende, que me confunde que me bagunça inteira.
E então, no meio de tanta bagunça, de tanta coisa me tirando do prumo, eu começo a me dar conta que se for desse jeito já não tem como dar certo.
O que eu preciso é de uma mão me puxando pra fora disso tudo. Uma mão afirmado, sim, mas mais do que isso, me guiando em ritmo preciso.
Necessito de palavras que combinem com as ações. Preciso de ações que reflitam os gestos do dia seguinte. Desejo que o teu "eu te amo" não me deixe solta. Preciso que entendas que teu colo, teu abraço, tua presença, mesmo que apenas por um momento, representam o mundo.
O resto, pode ficar pra trás. O resto, há esse resto sim, pode ser um monte de promessas tolas.

domingo, janeiro 18, 2015

A carta que nunca vou te enviar

Eu queria te dizer tantas coisas. Fazer tantas perguntas. A questão é que não terei mais chance. Não terei tempo. Não terei um encontro. Eu não tenho motivo pra te procurar mais. E nem tu vai me procurar. Então, fico olhando esse pedaço de papel e pensando em te escrever. Mesmo sabendo que nunca te enviarei essa carta.
Eu queria te dizer que ele me faz sorrir. Não rir como tu me fez tantas vezes, com as brincadeiras que fazia, mas sorrir. E isso já me basta, pois aos poucos me fará te esquecer. Ele não me deixa arrepiada ao me tocar, mas me toca com carinho e vontade. E isso já me basta, pois me deixa concentrada em um desejo que não é o teu. Ele não me deixa sem saber como agir. E isso já me basta, pois não vivo em guerra de nervos comigo mesma.
Eu queria te dizer tantas coisas. Queria contar que em algumas noites ainda penso em ti. Me dá saudades das tuas mãos, do teu corpo. Dá uma vontade louca de ouvir tua voz, e olhar teu sorriso. Eu queria te dizer que não entendo o que tu viu nela, que não sei o que ela fez pra te tirar do prumo desse jeito. Queria dizer que tenho inveja dos recadinhos que vocês trocam e do carinho que não é meu. Queria contar que por mais que ele cuide de mim, mais do que tu jamais cuidou, eu sinto tua falta e queria estar no lugar dela, sendo idolatrada por ti. Queria que soubesses que por mais que eu tenha certeza de que o que estás vivendo é tão fogo de palha como nós fomos, eu viveria esse incêndio de novo.
Queria te dizer, mas não posso. Queria te contar, mas não vou. E enquanto penso em tudo isso, enquanto me reviro na cama sonhando com o que não volta, peço que tua felicidade pare de me agredir. E a minha felicidade chegue, finalmente. E escrevo uma carta que nunca vou te enviar.

quinta-feira, janeiro 15, 2015

Aquilo que nem começou

A camiseta dele estava colada no corpo. A mesa lotada de papéis depois da reunião, ali, completamente bagunçada. Ela estava sentada na cadeira, sentindo o abraço dele e pensando no que acabaram de fazer. Nao podia, mas tinha acontecido novamente.

Não conseguia acreditar que tinham repetido a dose, tinham sido loucos novamente. Parecia que virara habito entre os dois. Esses encontros furtados, essa troca rápida, esses beijos apaixonados no escritório. Só que isso não era o que ela queria. Isso era apenas o que servia, o que tinha, o que ele oferecia. Ela queria que ele fosse dela, ela queria a alma. E tentava roubar pedacinhos a cada encontro, a cada pequeno contato físico. 

O que doía é que ela sabia que jamais teria mais dele. Fingia que não, se declarava, ouvia as palavras doces dele como se acreditasse. Até aceitava a aventura, mas no fundo ela sabia que tudo terminava exatamente onde começava: em uma relação tão rápida quanto uma onda do mar. Ela sabia que nada sairia daquele momento para alguma construção futura. E começava a a criar seu caminhos de volta.

Se...

Se te vejo e já não mais te desejo.
Se te beijo e já não mais me conecto.
Se te espero e já não mais te explico.
Se te sinto e já não mais arrepio.
Se sou tua e já nem mais me lembro. 
Acabou. E um de nós não sabe.

quinta-feira, janeiro 08, 2015

Te Baguncei

Eu queria te bagunçar, sim. Mas a bagunça que eu buscava envolvia só cabelos desgrenhados, roupas amassadas, lençóis pelo chão. Queria, talvez, uma bagunça no seu escritório, tipo aquelas cenas de filme, em que a mulher chega de surpresa, tira as coisas de cima da mesa para ela poder deitar. Era essa bagunça que eu queria e não a que eu causei.
Desculpa pelo amor sem medidas que você me deu. Eu não tinha a quantia necessária para retribuir de forma justa, mas achei que conseguiria alcançar algo semelhante um dia. Por isso deixei acontecer. O que eu não percebi é que, quanto mais eu permitia, menos eu sentia. No fim, não era amor… É que você me fazia um bem danado pra eu abrir mão tão fácil.
Desculpa o meu egoísmo filho da puta. Acredite, eu me odeio por saber que te baguncei nesse tanto. Eu te vejo sem saber o que fazer agora, já que joguei todos os nossos planos fora. Eu os quis, sabe? De verdade. Eu queria ter ido conhecer sua família em Minas Gerais nas últimas férias. Queria ter adotado um cachorro vira-lata. Mas, o que seriam deles hoje? Seriam mais corações partidos (por mim).
Aguentar o peso do seu coração nas minhas mãos não é fácil. Eu queria que você voltasse a sorrir como antes. E quero muito que você não tenha medo de amar assim de novo. Ame! Eu é que sou o problema – por mais clichê que isso possa parecer. Você ama bem. Ama de verdade e isso é tão raro hoje em dia. Eu sou prova disso… Você deu azar ao me escolher.
Se eu pudesse, voltaria no tempo. Passaria reto por você naquele bar. Não tomaria a cerveja que você me ofereceu. Não teria te passado o meu número nem teria aceito o seu convite para a semana seguinte. Não teria deixado você se apaixonar por mim. Não teria te machucado. Não teria sido eu.
(Por Leca Lichacovski)
Se as pessoas amassem e aceitassem com a mesma capacidade com que odeiam e são intolerantes... Ah! Quão bom e delicado seria este mundo em que vivemos.

terça-feira, janeiro 06, 2015

Eu não quero mais:
Amar quem não me ama.
Desejar em vão.
Esperar a toa.
Trabalhar mais do que o necessário.
Trabalhar sem amor.
Ter trabalho do qual não me orgulho.
Desperdiçar meu tempo.
Ver mais seriados do que ler livros.
Me sentir traída.
Falar mais do que ouvir.
Comer demais.
Comer com culpa.
Deixar de comer por medo de engordar.
Cozinhar sozinha.
Escolher errado.
Desperdiçar sentimentos.
Desperdiçar vida.
Sentir culpas.
Amar sozinha.
Me apaixonar errado.
Repetir erros.

domingo, janeiro 04, 2015

Quem sabe eu faça...

Eu tenho um desejo. Um desejo simples pra tantos. Tão difícil pra mim. Quero captar a alma de pessoas. A imortalidade de momentos. A especialidade de situações. Quero saber fazer fotos. E não consigo. 
Eu tenho um desejo. Um desejo simples pra tantos. Tão difícil pra mim. Quero entender de cor. Quero captar a luz. Quero perceber aquele único momento em que o mais simples se transforma no mais especial. Quero saber fazer fotos. E não consigo. 
Eu tenho um desejo. E fico fazendo fotos de tudo o que me inspira. De tudo o que amo. De tudo o que me dói. Faço fotos da vida. E mesmo assim, não vejo a vida nas minhas fotos. Talvez um dia eu aprenda, entenda, compreenda. Talvez um dia eu consiga. Talvez um dia, eu faça fotos. Fotos com alma.

A bela e o burro - de Tati Bernardi

"Ontem depois que você foi embora confesso que fiquei triste como sempre.
Mas, pela primeira vez, triste por você. Fico me perguntando que outra mulher ouviria os maiores absurdos como você, um homem de 32 anos, planejar ir a uma matinê brega com gente sem assunto no próximo domingo e, ainda assim, não deixar de olhar pra você e ver um homem maravilhoso.
Que outra mulher te veria além da sua casca? Você não entende que eu baixei a música do “Midnight Cowboy” e umas boas do Talking Heads, Vinícius de Morais e do Smiths porque achei divertido te fazer uma massa ouvindo algumas músicas que dão vontade de viver. Uma massa que você não vai comer porque está perdendo o paladar para o que a vida tem de verdadeiro e bom. É tanta comida estragada, plastificada e sem sal, que você está perdendo o paladar para mulheres como eu. E você não sabe como vale a pena gostar de alguém e acordar na casa dessa pessoa e tomar suco de manga lendo notícias malucas no jornal como o cara que acha que é vampiro. Tudo sem vírgula mesmo e, nem por isso, desequilibrado ou antes da hora.
Você não sabe como isso é infinitamente melhor do que acordar com essa ressaca de coisas erradas e vazias. Ou sozinho e desesperado pra que algum amigo reafirme que o seu dia valerá a pena. Ou com alguma garotinha boba que vai namorar sua casca. A casca que você também odeia e usa justamente para testar as pessoas “quem gostar de mim não serve pra mim”.
E eu tenho vontade de segurar seu rosto e ordenar que você seja esperto e jamais me perca e seja feliz. E entenda que temos tudo o que duas pessoas precisam para ser feliz. A gente dá muitas risadas juntos. A gente admira o outro desde o dedinho do pé até onde cada um chegou sozinho. A gente acha que o mundo está maluco e sonha com a praia do Espelho e com sonos jamais despertados antes do meio-dia. A gente tem certeza de que nenhum perfume do mundo é melhor do que a nuca do outro no final do dia. A gente se reconheceu de longa data quando se viu pela primeira vez na vida.
E você me olha com essa carinha banal de “me espera só mais um pouquinho”. Querendo me 
congelar enquanto você confere pela centésima vez se não tem mesmo nenhuma mulher melhor do que eu. E sempre volta. Volta porque pode até ter uma coxa mais dura. Pode até ter uma conta bancária mais recheada. Pode até ter alguma descolada que te deixe instigado. Mas não tem nenhuma melhor do que eu. Não tem.
Porque, quando você está com medo da vida, é na minha mania de rir de tudo que você encontra forças. E, quando você está rindo de tudo, é na minha neurose que encontra um pouco de chão. E, quando precisa se sentir especial e amado, é pra mim que você liga. E, quando está longe de casa gosta de ouvir minha voz pra se sentir perto de você. E, quando pensa em alguém em algum momento de solidão, seja para chorar ou para ter algum pensamento mais safado, é em mim que você pensa. Eu sei de tudo. E eu passei os últimos anos escrevendo sobre como você era especial e como eu te amava e isso e aquilo. Mas chega disso.
Caiu finalmente a minha ficha do quanto você é, tão e somente, um cara burro. E do quanto você jamais vai encontrar uma mulher que nem eu nesses lugares deprê em que procura. E do quanto a sua 
felicidade sem mim deve ser pouca pra você viver reafirmando o quanto é feliz sem mim e principalmente viver reafirmando isso pra mim. Sabe o quê? Eu vou para a cama todo dia com 5 livros e uma saudade imensa de você. Ao invés de estar por aí caçando qualquer mala na rua pra te esquecer ou para me esquecer. Porque eu me banco sozinha e eu me banco com um coração. E não me sinto fraca ou boba ou perdendo meu tempo por causa disso. E eu malho todo dia igual a essas suas amiguinhas de quem você tanto gosta, mas tenho algo que certamente você não encontra nelas: assunto. Bastante assunto.
Eu não faço desfile de moda todos os segundos do meu dia porque me acho bonita sem precisar de chapinha, salto alto e peito de pomba. Eu tenho pena das mulheres que correm o tempo todo atrás de se tornarem a melhor fruta de uma feira. Pra depois serem apalpadas e terem seus bagaços cuspidos.
Também sou convidada para essas festinhas com gente “wanna be” que você adora. Mas eu já sou alguém e não preciso mais querer ser. E eu, finalmente, deixei de ter pena de mim por estar sem você e passei a ter pena de você por estar sem mim. Coitado."

(Mudam os nomes, as idades, as situações e as pessoas. Mas muita coisa não muda. Um texto que fala por si.)

Bandaid, por favor

Você acha que encontrou alguém incrível. Diferenciado. Maduro. Aberto. E essa pessoa é tudo isso, e ainda é espetacular com você. Você baix...