quarta-feira, março 28, 2012

começando, de novo

E então, tudo retoma seu eixo. As coisas voltam, pouco a pouco, para o seu lugar. O friozinho, gostoso, retorna. O anoitecer cai mais cedo, e o amanhecer mais tarde. Fica difícil levantar pela manhã. A vontade de ficar embaixo do edredon, ou de estar em casa, reunido com amigos, é quase uma súplica. A agradável sensação de bem-estar e de estar bem. Retornar para casa e sentir que ir para a rua, não é mais a melhor pedida vira quase uma benção.

Ter uma rotina normal. Menos eventos sociais. Menos necesidade de estar nos lugares para aproveitar as oportunidades de contato. Ter um cantinho quieto para trabalhar, trocar idéias com pessoas animadas, que adoram o que fazem. Não sentir o dia passar, por que a cada hora se tem mais coisas para pensar, mais ideias para desenvolver.

Chegar em casa e ter a sensação de entrar em uma festa, quando na verdade o que se tem é a alegria dos filhotes (que mais parecem gente, é verdade) esperando na porta, ansiosos por carinho e atenção. Escolher qual a melhor programação, para a noite, para o final de semana, para o momento de folga. Livro, filme, seriado, bate-papo, cozinha.... ou ainda todos juntos, misturados.
A deliciosa sensação de não precisar agradar a ninguém mais, além de si mesmo. E se precisar de desculpa? É o frio!

Será que já não vi essa novela antes? Certamente, no inverno passado. Trata-se apenas de  um delicioso Vale a Pena Ver de Novo.

sábado, março 24, 2012

Tentativa e erro/acerto... ou Teimosia e erro?

A vida é feita de tentativas, erros e acertos. Na teoria, se não tentarmos, não acertaremos. E deveria funcionar assim mesmo.

Isso se o ser humano não funcionasse de um modo tão complicado, tão estranho. Não fosse, ele mesmo, seu maior carrasco.

Sim, porque a vida é nossa maior sala de aula. Aprendemos a cada dia coisas novas e temos condições de assimilar comportamentos, culturas, situações e tantas coisas que vemos na rua, mesmo fora de cursos e faculdades. Cabe a nós, filtrarmos o que temos a nossa disposição, aproveitando e transformando em algo mais. E aí, voltar ao ponto da tentativa e erro.

Quanto mais tentarmos, praticarmos, mais acertaremos. Certo? Nem sempre. Nosso cérebro, essa coisa complicada, complexa e misteriosa, que está no topo do nosso corpo, é muito mais inteligente e danado do que quem ele coordena. E ele adora pregar peças. A maior delas? Ele nos ensina algumas coisas rapidamente, mas não deixa isso tão claro assim. Não tem legendas, nem diz que algo está arquivado. Depende da nossa percepção, do nosso “feeling” e dos nossos filtros, para captar aquilo que esta ali. E ele permite algo chamado “auto-engano” com frequência. Nós, seres humanos teimosos que somos, insistimos em repetir comportamentos e situações por pura teimosia.

Pois é. Teimosia. Aquilo que nos faz saber que algo que fizemos 5 vezes de um jeito, não pode ter resultado diferente se feito igual. Não se trata de continuar praticando, afinal, já deu errado (e ainda assim, repetimos). Essa insistência a que chamamos, tão inadequadamente, de persistência (sem percebermos a diferença) é algo que nos leva a resultados iguais e ruins. Então, continuamos errando, e nos dizendo que vamos conseguir: Ah, uma hora vai dar certo.

E assim, escolhemos pessoas erradas. Escolhemos trabalhos errados. Escolhemos amigos errados. E até casas, viagens e roupas. Na verdade, escolhemos uma vida inteira cheia de frustações, simplesmente por que tentamos viver um conceito que não é aquele que precisamos, mas aquele que insistimos em ter. Acreditamos viver de tentativas e erros para conseguir acertar, enquanto na verdade, estamos apenas sendo mais teimosos conosco, do que merecemos.

Estamos teimando em viver algo que já vimos que não vai dar certo, ao invés de permitir que os tantos acertos que foram registros, criem um novo arquivo, e nos dfeixem reprogramar as coisas, só um pouquinho...

sexta-feira, março 09, 2012

como nossos pais....

Na minha época de adolescente, as paixões platônicas eram normais. Saudáveis. Interessantes.

Nos apaixonávamos por um menino de outra classe, outra escola, ou do curso de inglês. Mas  éramos jovens demais, imaturas demais, ingênuas demais, para tomarmos qualquer iniciativa de contato. A educação, totalmente controlada, nos dizia que meninas podiam e deviam ter determinados comportamentos, meninos outros. O frio na barriga era uma constante. A incerteza, um companheiro fiel. Nunca tínhamos a  idéia de se o alvo de nossa paixão, estaria na reunião dançante dos colegas, ou na festinha do clube. Qualquer encontro era motivo de euforia.

O tempo passou. Adolescentes, hoje, agem como adultos. Ou pior, porque eu, adulta, nunca agi como tantos destes jovens que vejo por aí. Não sei se a repressão de minha geração, a necessidade de fugir, e driblar, os pais era a melhor forma de viver. Não sei se era correta, ou se formou uma geração mentalmente sadia, apesar de me considerar uma pessoa sã. Mas essa geração que vejo hoje nas ruas, essa deturpação de valores, essa liberação e desregramento, sinceramente, me assusta.

 Meninos e meninas, que descobriram muito mais da vida do que eu, mulher feita, adulta. Meninos que não sabem o que fazer com o tanto que já se permitiram. Meninos que já experimentaram tudo, e não sabem mais para onde ir.

Será que minha mãe pensava assim de nós?

Eu me considero uma pessoa open mind, jovem, e desencanada. Acho que fui tão reprimida que, assim que pude, me libertei das minhas correias e grades, para entender o que era ser livre. Não tenho preconceitos, nem preceitos. Acredito que as pessoas busquem seus caminhos, e eles não devem, nem irão, me dizer respeito. Não julgo, ou tento não julgar. Mas, ainda assim, me vejo olhando essa nova geração, preocupada.

Sinto que crianças, jovens, adolescentes, estão sendo entregues a vida adulta, cada vez mais, sem preparo. Sem chances de discernir a razão de suas escolhas.

Eu acho que meu medo é relevante. E justificável. Mas... Talvez eu fale, e pense, como minha mãe o fez um dia.... E se a vida é cíclica, como poderia ser diferente?

quinta-feira, março 08, 2012

A separação ou a consequencia?

Penso há alguns dias sobre o filme que assisti no final de semana. A Separação, filme iraniano do diretor Asghar Farhadi, que ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro. Merecido, o prêmio. Filme espetacular. Me surpreendeu muito.
Eu, que estou, seguidamente, com um livro na mão, versando sobre a situação das mulheres, em países de regime muçulmano, esperava encontrar um filme que apontasse apenas esses temas. E que se desenrolasse em cenários que normalmente ocupam as páginas destes livros: riqueza em casas suntuosas, onde apesar do luxo, mulheres ainda precisam se submeter ao que prega o Corão; ou regiões dominadas pela pobreza, com fugas, tristezas e dramas que emocionam até os mais duros corações.

Não foi nada disso que encontrei, em A Separação.

 O filme retrata a situação de uma família de classe média, onde valem sim, os preceitos do Corão. Em algumas situações, modernizados, em outras, nem tanto.  Ainda há choque, revolta, tristeza. E há um olhar de esperança e indagação (ou seria de resignação?). Os olhos, da filha do casal que se separa, são a grande janela para a alma dos personagens. O olhar da menina traduz covardia, orgulho, medo, crença, amor, incerteza. Traduz o desenrolar de tudo o que vemos. Os sentimentos ditos, e os escondidos. E ela usa, para isso, uma sutileza escancarada.

A maior surpresa para mim? É que partir desse olhar de adolescente, com tudo para viver, somado a presença de um idoso, que já não tem mais esperanças, e ao surgimento de situações imprevisíveis, temos o sumo do filme. Sua essência. Como o imprevisível pode afetar nossa vida? O que o acaso, e a ordem dos acontecimentos podem ter, resultar? Enquanto se desenrola o filme, pode-se perceber que eventuais mudanças, atos diferentes, ações que, talvez, não tivessem sido feitas como foram, mudariam todo o resultado do que temos na tela. Afinal, não é assim nossa vida? Um roteiro que cresce, ganha ainda mais vida, junto às emoções de um sistema religioso que nos é tão distante. E o que virá depois? Qual a consequência disso? E isso é o mais envolvente nessa estória! Me senti tão longe, e ao mesmo tempo tão perto do que se passava na minha frente.

Vendo os letreiros finais, ainda me perguntava o que eu realmente queria que acontecesse no filme. E o que, efetivamente, acreditaria acontecer, se a narrativa fosse baseada em fatos reais. Seria possível, um final feliz?

sábado, março 03, 2012

olhando no espelho

Invejo os corajosos. Admiro os destemidos. Me encanto com os  batalhadores.

Sou uma medrosa. Descaradamente apavorada. Tenho medo de escuro, de frio, de arma de fogo, de sofrimento. Tenho muito medo de morrer antes da hora. Tenho medo de amar mais do que ser amada, e ainda mais medo de que me amem mais do que eu possa amar. Sou assim, uma bela fachada, cheia de retalhos apavorantes. E reconheço cada um destes pedaços de pano, que me constituem, e me formam.

Algumas vezes me exponho aos riscos. Riscos que parecem irresponsáveis. Insanos. Impensados. Mas que sei, nunca são riscos reais,  como deveriam, ou poderiam, ser. No fundo, não vou além da terra plana. Não me atiro em águas escuras. Preciso sempre ver o fundo. Saber onde piso.

Queria andar na montanha russa. Queria descer em queda livre. Ou saltar num bung-jump. Queria descer corredeiras ou conseguir, simplesmente, mergulhar. Queria me encontrar frente-à-frente com meus medos, e enfrentá-los. Conversar com eles. Pedir que me deixassem, ao menos por um tempo.

Queria essa sensação de liberdade, completa e sem limites, que apenas os corajosos tem. Mas ela parece não me pertencer. Me soa como algo distante. Parece uma sensação sobre a qual não tenho nenhum poder.

E se essa sensação, ilusória, que vaga sobre mim,me tranquiliza, ao menos temporariamente, trazendo essa falsa imagem que faço de mim mesma. Como me sinto, de verdade? Uma mulher, como tantas, incapaz de enfrentar qualquer medo, mas em constante aprendizado, tentando  superar os meus próprios pavores.

Bandaid, por favor

Você acha que encontrou alguém incrível. Diferenciado. Maduro. Aberto. E essa pessoa é tudo isso, e ainda é espetacular com você. Você baix...