Na sala de reuniões estão todos reunidos avaliando o projeto para orçar. O cliente deu um retorno que não era esperado pedindo mudanças. A promoção é sensacional, e acabou ficando engessada. Comercial e marketing adoram, mas não abrem mão de realizar a ação no ponto de venda. Estão ali, reunidos para uma última opção antes de finalizar o orçamento. O tempo está esgotado. Atendimento, criação, produção, planejamento. Os envolvidos na ultima etapa do projeto olham para aqueles papéis. Atendimento começa a ler os questionamentos feitos pelo cliente e evidenciar que precisam adaptar o formato. É uma promoção de rua, e adapta-la não bate. Só que o cliente não está interessado nesse detalhe, quer a ação como foi desenhada para a rua, mas no PDV.
O criativo não se conforma. Olha para o teto. Para a mesa. Se movimenta inquieto na cadeira. E então, antes de jogar a toalha tem sua última ideia. Quase sem esperança, joga na mesa sua visão de como contornar a regra chata e engessada que está inviabilizando sua grande ideia. O grupo não acredita. Parace surreal aquilo que acontece ali. Estão há um mês dando voltas para achar aquela solução, e em um minuto ela apareceu! Atendimento e planejamento começam a tagarelar. Não há tempo, o prazo do orçamento é curto, por causa do fechamento do Burguer da empresa. Já não conseguem apresentar novidades do projeto ao cliente. Um deles levanta e sai da sala. Volta minutos depois com um ok. Atalhou, mas resolveu. Todos os envolvidos começam a apresentar as listas, fornecedores, equipe, freelas que precisam ser contratados. Há tempo hábil e já podem marcar a apresentação do orçamento. Aquilo ali será grande. Até maior que o projeto original.
Chamam um dos estagiários. Ele tem perfil e já querem inclui-lo no projeto. Tem a idade do público que precisam atingir. É conectado com quem focam. Será ótimo ouvi-lo. Começam a explicar a alteração. Ele ouve, parecendo aéreo como sempre. Antes mesmo do fim, ele questiona exatamente o novo formato. A posição é clara, continua não achando a marca atrativa, não é uma empresa que fala com ele e a promoção é show se, e apenas se, for fora do ponto de venda. Ali, como está desenhada "pode chamar a atenção, mas não o faz entrar na loja". O criativo se atira de volta na cadeira. O atendimento pensa em como não berrar. Planejamento apenas joga a cabeça na mesa. Em 30 minutos conseguiram e perderam a solução. Sao quase 21h de uma a sexta-feira? Teriam que recomeçar tudo de novo.
Quem mandou não perguntar para o público alvo?