Voar por Guarulhos, pra mim, é a visão do inferno na Terra. Se tem lugar pra ver gente esquisita, esse lugar é o aeroporto internacional de Guarulhos. Lá tem de tudo. Todo todo tipo de coisa. Toda espécie de comportamento. Especialmente aquilo que a gente quer evitar.
Tem sempre aquele conhecido que se lambuza em perfume e ao te encontrar, depois de anos, resolve te dar um abraço de melhor amigo. E te deixa com aquele cheiro dele, que te enjoa um bocado, até o destino final.
Tem sempre a esposa do aspirante a jogador de futebol, com cabelo amarelo ovo e raiz longa e muito preta. Corpo sarado. Barriga de fora. Calça tão justa que a mais injusta das imaginações não saberia o que dizer. Ela desfila e acha que tem mais direitos que os pobres mortais. As pobres, nesse caso.
Tem sempre uma fazendeira rica, mãe dos estudantes de colégio bilingue, que teima em falar um inglês parco com os filhos, sem perceber que as crianças são brasileiras. Ela também não percebe que em voos domésticos não existe mais classe executiva. Que está ali só por ser mais perto da cidade dela, não por estar a caminho dos EUA.
Tem sempre uma família trapo. Daquelas que carregam a vida nas malas. Tanta, mas tanta coisa, que chega a dar medo de se perder entre os carrinhos. E eu sempre me pergunto pra onde vão? Nada no mundo justifica cinco ou seis malas por pessoa, nem mesmo mudança.
Tem sempre um estrangeiro. Desses eu tenho muita pena. Ficam ali, perdidos na fila de despacho de bagagens. Tentando entender em que país vieram parar. Que lugar surreal é esse em que passageiros são tratados como carga.
Tem sempre uma mãe de uma filha de um primo. Aquela família em que um guarda lugar pro outro pra fazer check in enquanto o outro vai pra fila da bagagem e acabam atrapalhando todo mundo, já que ninguém fica pronto em tempo.
Tem sempre alguém de chapéu. Não me refiro a Fedora ou Havana. Falo de boné ou chapéu de palha mesmo. E o olhar da gente se perde acompanhando aquele chapéu e tentando entender o motivo do uso.
Tem sempre aquele cara que acha legal usar camiseta de futebol fora do estádio. Ele pensa que já que vai pro exterior, precisa levar o time do coração. Mostrar pra todos seu amor. E não está nem um pouco interessado na minha opinião, apesar de ser das coisas que eu não assimilo.
Tem sempre aquelas pessoas de crocs, que para mim são cidadãos de outra dimensão. Ta aí algo que eu não consigo captar. Pessoa adulta com crocs vai além do meu nível de compreensão. Podia dar multa, castigo... Mas a pessoa alega conforto. Usa havaianas, all star, sapatilha, até tênis de corrida passa, mas crocs? Esse não dá.
Tem sempre aquelas pessoas que pensam que seu lugar na aeronave vai criar perninhas e fugir. Sim, as pessoas que fazem fila desde que a primeira chamada que anuncia o voo, até finalmente abrirem as portas. E ficam lá, segurando suas bagagens de mãos, em pé, como se isso acelerasse o processo todo. Mesmo que esse tempo leve quase uma hora, e elas fiquem sofrendo todo esse período.
Tem gente como eu, que senta bem longe de tudo e fica alheio a confusão, de fone de ouvido, lendo ou escrevendo no iPad. E espera a fila de embarque terminar para finalmente entrar no avião. Sim, eu sou daquelas últimas pessoas que alguns pensam que é culpada pelo atraso do voo.
Isso é Guarulhos. Um espetáculo de bizarrices, péssimo gosto e estranhezas a parte. E quando tu finalmente senta, descobre que no voo lotado, a poltrona quebrada que não reclina, é a tua. Obviamente o cara da frente tira uma soneca o voo inteiro, reclinando a dele e estarás apertado como sardinha em lata.
Para melhorar, ao teu lado sempre pode viajar uma dessas pessoas que gostam muito de conversar e ignoram teu fone de ouvido e o livro. Ou uma que deixa as crianças fazendo tudo o que gostam. Mesmo que isso seja passar um bom tempo aos berros e cutucando teu braço. No meu caso, dessa vez, o pacote foi dois em um.
A cereja do bolo? Ver comissário passar correndo com uma bolsa azul e só entender o que significa quando sentir o terrível cheiro se espalhar pelo ar. Sem ter para onde sair, afinal...
Das coisas que só acontecem comigo... E que viram motivo de riso, por estar vindo pra casa.
Boa viagem pra vocês. A minha, já foi um espetáculo a parte.
A pimenta é um condimento de sabor picante que pode lembrar o cravo, a canela e a noz-moscada. Utilizada nos alimentos para produzir sensações “quentes”, estimula a produção de endorfina no cérebro, aumentando a sensação de bem estar... Que tipo de pimenta é você?
segunda-feira, dezembro 22, 2014
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