Hoje, escondido em meio aos meus passados presentes, lembro com medo e saudade, como o amor um dia já me pareceu certo. O tempo passou, algumas dores ficaram e os traumas me parecem constantes. Independente disso, ainda caminho me apaixonando e, volta e meia, me dizendo que agora não é hora de amar. Mas, em silêncio, sei que sempre é hora de amar. Sei também que talvez o meu receio de amar seja só para ele ficar cada vez mais vizinho. Já que com tempo aprendi que quando rejeitamos o amor, o tornamos cada vez mais presente, pois o relembrar da necessidade de esquecer é uma memória presente e covarde.
Dores de amor caminham sempre conosco. A memória voa. A saudade é incansável. Mas o amor é certeza. E mesmo quando não é, deveria ser. O medo de amar é uma constante para todos que já foram para-raio dos descasos alheios. Mas amor é flor e cheiro, e, por mais que se vá, a flor sempre deixa seu perfume ao vento. E, por acaso você já viu o vento ir embora e nunca mais voltar? Ele sempre volta, vezes calmo, como quem sussurra e te conta algo, vezes se guarda para vir tempestivo, mas, quando vem, não há resistência que sirva de muro.
Que sejamos mistérios de amar, mas também vontade de viver. Que tenhamos medo, mas não descartemos a possibilidade de nos surpreender. Por fim, que sejamos sempre amor. E, se o medo quiser nos convencer que histórias e traumas se repetem, digamos a ele que ele precisa amar um pouco mais…
(O medo de amar - Frederico Elboni)