Essa pessoa é meu oposto. Acho que a única coisa que temos em comum é o fato de gostarmos de escrever, e sermos do mesmo mercado. Apesar da área profissional ser diferente. O que me atrapalha mais, já que ele faz coisas incríveis, e ainda admiro o cara.
Enquanto eu sou emotiva, choro por tudo, me entrego, sou sempre intuitiva nas relações, essa pessoa é racional, dura, difícil, e hiper pesquisadora. Ele nunca daria credibilidade a uma paixão que surgiu por causa de alguns encontros e muitas conversas. A racionalidade dele não conceberia isso. Já eu? Entendo totalmente que paixão não é soma matemática, não se explica, não cabe em fórmula. Começa num toque. E me apaixonei por ele, depois de muito tempo sem gostar de ninguém. Foi bom. Por um tempo me fez muito bem. Até doer. Doer por não poder viver aquilo minimamente bem.
Nos conhecemos, desenvolvemos uma relação pouquíssimo convencional e então me mudei para a cidade dele. O que eu já sabia, ficou óbvio, não teríamos nada diferente ou mais concreto. Isso não mudou o que eu senti. Não muda o que sinto. Mas a vida tem que ser mais objetiva, ele me ensinou um pouco disso. E a gente não pode ficar batendo em portas que não abrem. Ontem, eu fiz meu último movimento. E foi, de certa forma, uma despedida desse sentimento. Não que eu vá desligar um botaozinho e deixar de gostar, isso é impossível. Só fica mais fácil fazer isso agora, indo para casa. Fica fácil fazer isso num momento simbólico de final de ano. Menos pesado numa época de decisões. E mais fácil exorcizando na escrita, nesse meu espaço em que eu sei que ele não vem. Eu me desnudo, e a única pessoa que não pode ver tamanha fragilidade, não verá.
Assim, 2015 já poderá ser diferente. E eu poderei voltar a ser só emoção, mas dessa vez quem sabe, até com uma pitada de razão. Que venha um novo ano. Mas não necessariamente, uma paixão.