Ano se encerra.
Um ano que tem tantas coisas para deixar pra trás. Tem o fim de uma etapa de vida. Tem ele. Tem trabalhos ruins. Tem dinheiro que não entrou. Tem gente que me decepcionou. Tem amigo falso. Tem gente que se foi e deixou um aperto no peito. Tem sustos. Tem dor, muita dor.
Só que a gente não pode olhar só o amargo do limão. O ano também teve coisas boas. Teve gente nova. Novas conquistas. São Paulo. Amigos que se mostraram fiéis. E teve uma sensação de dever cumprido. Teve suas fases de pequenas alegrias.
Que nesse ano que começa, eu saiba ler melhor as pessoas. Saiba desistir mais facilmente delas. Saiba entender melhor quem precisa de mim. E quem me quer bem, ou não. Saiba me doar pra quem merece. Saiba me dedicar com amor ao trabalho, mas sem dor. Saiba ceder e entender quem cede. Saiba ser mais tolerante e menos paciente. Saiba ser um pouco mais feliz.
E que quem passa por esse espaço, tenha muita alegria na vida. E sorria aqui, não por compartilhar dores e angústias, mas por ler conquistas.
A pimenta é um condimento de sabor picante que pode lembrar o cravo, a canela e a noz-moscada. Utilizada nos alimentos para produzir sensações “quentes”, estimula a produção de endorfina no cérebro, aumentando a sensação de bem estar... Que tipo de pimenta é você?
terça-feira, dezembro 30, 2014
quinta-feira, dezembro 25, 2014
Minha verdade...
Solidão imensa. Solidão sem fim. Solidão que não se explica. Solidão que rasga meu peito.
Rodeada pelas pessoas que mais amo nesse mundo. Olhando os sorrisos das crianças que justificam o meu. Ouvindo diariamente declarações de saudade e carinho. Meu peito é vazio.
Não, ninguém sabem ninguém sente, todos percebem um sorriso de porcelana, todos percebem essa felicidade constante. Sempre foi assim. Sempre senti essa imensidão solitária sem ter com quem compartilhar. Não sei se somos muitos ou somos raros. Sei como sou.
Talvez por isso lá eu me sinta em paz. Lá, estou sozinha na minha solidão. Não preciso fingir essa vida tão perfeita apenas para agradar. Não preciso dar justificativa a ninguém. Não preciso me isolar com gargalhadas para evitar as perguntas que não tem respostas.
Afinal, quem vai entender, se nem eu entendo?
Rodeada pelas pessoas que mais amo nesse mundo. Olhando os sorrisos das crianças que justificam o meu. Ouvindo diariamente declarações de saudade e carinho. Meu peito é vazio.
Não, ninguém sabem ninguém sente, todos percebem um sorriso de porcelana, todos percebem essa felicidade constante. Sempre foi assim. Sempre senti essa imensidão solitária sem ter com quem compartilhar. Não sei se somos muitos ou somos raros. Sei como sou.
Talvez por isso lá eu me sinta em paz. Lá, estou sozinha na minha solidão. Não preciso fingir essa vida tão perfeita apenas para agradar. Não preciso dar justificativa a ninguém. Não preciso me isolar com gargalhadas para evitar as perguntas que não tem respostas.
Afinal, quem vai entender, se nem eu entendo?
segunda-feira, dezembro 22, 2014
Vindo
Voar por Guarulhos, pra mim, é a visão do inferno na Terra. Se tem lugar pra ver gente esquisita, esse lugar é o aeroporto internacional de Guarulhos. Lá tem de tudo. Todo todo tipo de coisa. Toda espécie de comportamento. Especialmente aquilo que a gente quer evitar.
Tem sempre aquele conhecido que se lambuza em perfume e ao te encontrar, depois de anos, resolve te dar um abraço de melhor amigo. E te deixa com aquele cheiro dele, que te enjoa um bocado, até o destino final.
Tem sempre a esposa do aspirante a jogador de futebol, com cabelo amarelo ovo e raiz longa e muito preta. Corpo sarado. Barriga de fora. Calça tão justa que a mais injusta das imaginações não saberia o que dizer. Ela desfila e acha que tem mais direitos que os pobres mortais. As pobres, nesse caso.
Tem sempre uma fazendeira rica, mãe dos estudantes de colégio bilingue, que teima em falar um inglês parco com os filhos, sem perceber que as crianças são brasileiras. Ela também não percebe que em voos domésticos não existe mais classe executiva. Que está ali só por ser mais perto da cidade dela, não por estar a caminho dos EUA.
Tem sempre uma família trapo. Daquelas que carregam a vida nas malas. Tanta, mas tanta coisa, que chega a dar medo de se perder entre os carrinhos. E eu sempre me pergunto pra onde vão? Nada no mundo justifica cinco ou seis malas por pessoa, nem mesmo mudança.
Tem sempre um estrangeiro. Desses eu tenho muita pena. Ficam ali, perdidos na fila de despacho de bagagens. Tentando entender em que país vieram parar. Que lugar surreal é esse em que passageiros são tratados como carga.
Tem sempre uma mãe de uma filha de um primo. Aquela família em que um guarda lugar pro outro pra fazer check in enquanto o outro vai pra fila da bagagem e acabam atrapalhando todo mundo, já que ninguém fica pronto em tempo.
Tem sempre alguém de chapéu. Não me refiro a Fedora ou Havana. Falo de boné ou chapéu de palha mesmo. E o olhar da gente se perde acompanhando aquele chapéu e tentando entender o motivo do uso.
Tem sempre aquele cara que acha legal usar camiseta de futebol fora do estádio. Ele pensa que já que vai pro exterior, precisa levar o time do coração. Mostrar pra todos seu amor. E não está nem um pouco interessado na minha opinião, apesar de ser das coisas que eu não assimilo.
Tem sempre aquelas pessoas de crocs, que para mim são cidadãos de outra dimensão. Ta aí algo que eu não consigo captar. Pessoa adulta com crocs vai além do meu nível de compreensão. Podia dar multa, castigo... Mas a pessoa alega conforto. Usa havaianas, all star, sapatilha, até tênis de corrida passa, mas crocs? Esse não dá.
Tem sempre aquelas pessoas que pensam que seu lugar na aeronave vai criar perninhas e fugir. Sim, as pessoas que fazem fila desde que a primeira chamada que anuncia o voo, até finalmente abrirem as portas. E ficam lá, segurando suas bagagens de mãos, em pé, como se isso acelerasse o processo todo. Mesmo que esse tempo leve quase uma hora, e elas fiquem sofrendo todo esse período.
Tem gente como eu, que senta bem longe de tudo e fica alheio a confusão, de fone de ouvido, lendo ou escrevendo no iPad. E espera a fila de embarque terminar para finalmente entrar no avião. Sim, eu sou daquelas últimas pessoas que alguns pensam que é culpada pelo atraso do voo.
Isso é Guarulhos. Um espetáculo de bizarrices, péssimo gosto e estranhezas a parte. E quando tu finalmente senta, descobre que no voo lotado, a poltrona quebrada que não reclina, é a tua. Obviamente o cara da frente tira uma soneca o voo inteiro, reclinando a dele e estarás apertado como sardinha em lata.
Para melhorar, ao teu lado sempre pode viajar uma dessas pessoas que gostam muito de conversar e ignoram teu fone de ouvido e o livro. Ou uma que deixa as crianças fazendo tudo o que gostam. Mesmo que isso seja passar um bom tempo aos berros e cutucando teu braço. No meu caso, dessa vez, o pacote foi dois em um.
A cereja do bolo? Ver comissário passar correndo com uma bolsa azul e só entender o que significa quando sentir o terrível cheiro se espalhar pelo ar. Sem ter para onde sair, afinal...
Das coisas que só acontecem comigo... E que viram motivo de riso, por estar vindo pra casa.
Boa viagem pra vocês. A minha, já foi um espetáculo a parte.
Tem sempre aquele conhecido que se lambuza em perfume e ao te encontrar, depois de anos, resolve te dar um abraço de melhor amigo. E te deixa com aquele cheiro dele, que te enjoa um bocado, até o destino final.
Tem sempre a esposa do aspirante a jogador de futebol, com cabelo amarelo ovo e raiz longa e muito preta. Corpo sarado. Barriga de fora. Calça tão justa que a mais injusta das imaginações não saberia o que dizer. Ela desfila e acha que tem mais direitos que os pobres mortais. As pobres, nesse caso.
Tem sempre uma fazendeira rica, mãe dos estudantes de colégio bilingue, que teima em falar um inglês parco com os filhos, sem perceber que as crianças são brasileiras. Ela também não percebe que em voos domésticos não existe mais classe executiva. Que está ali só por ser mais perto da cidade dela, não por estar a caminho dos EUA.
Tem sempre uma família trapo. Daquelas que carregam a vida nas malas. Tanta, mas tanta coisa, que chega a dar medo de se perder entre os carrinhos. E eu sempre me pergunto pra onde vão? Nada no mundo justifica cinco ou seis malas por pessoa, nem mesmo mudança.
Tem sempre um estrangeiro. Desses eu tenho muita pena. Ficam ali, perdidos na fila de despacho de bagagens. Tentando entender em que país vieram parar. Que lugar surreal é esse em que passageiros são tratados como carga.
Tem sempre uma mãe de uma filha de um primo. Aquela família em que um guarda lugar pro outro pra fazer check in enquanto o outro vai pra fila da bagagem e acabam atrapalhando todo mundo, já que ninguém fica pronto em tempo.
Tem sempre alguém de chapéu. Não me refiro a Fedora ou Havana. Falo de boné ou chapéu de palha mesmo. E o olhar da gente se perde acompanhando aquele chapéu e tentando entender o motivo do uso.
Tem sempre aquele cara que acha legal usar camiseta de futebol fora do estádio. Ele pensa que já que vai pro exterior, precisa levar o time do coração. Mostrar pra todos seu amor. E não está nem um pouco interessado na minha opinião, apesar de ser das coisas que eu não assimilo.
Tem sempre aquelas pessoas de crocs, que para mim são cidadãos de outra dimensão. Ta aí algo que eu não consigo captar. Pessoa adulta com crocs vai além do meu nível de compreensão. Podia dar multa, castigo... Mas a pessoa alega conforto. Usa havaianas, all star, sapatilha, até tênis de corrida passa, mas crocs? Esse não dá.
Tem sempre aquelas pessoas que pensam que seu lugar na aeronave vai criar perninhas e fugir. Sim, as pessoas que fazem fila desde que a primeira chamada que anuncia o voo, até finalmente abrirem as portas. E ficam lá, segurando suas bagagens de mãos, em pé, como se isso acelerasse o processo todo. Mesmo que esse tempo leve quase uma hora, e elas fiquem sofrendo todo esse período.
Tem gente como eu, que senta bem longe de tudo e fica alheio a confusão, de fone de ouvido, lendo ou escrevendo no iPad. E espera a fila de embarque terminar para finalmente entrar no avião. Sim, eu sou daquelas últimas pessoas que alguns pensam que é culpada pelo atraso do voo.
Isso é Guarulhos. Um espetáculo de bizarrices, péssimo gosto e estranhezas a parte. E quando tu finalmente senta, descobre que no voo lotado, a poltrona quebrada que não reclina, é a tua. Obviamente o cara da frente tira uma soneca o voo inteiro, reclinando a dele e estarás apertado como sardinha em lata.
Para melhorar, ao teu lado sempre pode viajar uma dessas pessoas que gostam muito de conversar e ignoram teu fone de ouvido e o livro. Ou uma que deixa as crianças fazendo tudo o que gostam. Mesmo que isso seja passar um bom tempo aos berros e cutucando teu braço. No meu caso, dessa vez, o pacote foi dois em um.
A cereja do bolo? Ver comissário passar correndo com uma bolsa azul e só entender o que significa quando sentir o terrível cheiro se espalhar pelo ar. Sem ter para onde sair, afinal...
Das coisas que só acontecem comigo... E que viram motivo de riso, por estar vindo pra casa.
Boa viagem pra vocês. A minha, já foi um espetáculo a parte.
sábado, dezembro 20, 2014
Virando a página
Eu adoro São Paulo. Vir morar aqui não foi acaso, ou decisão inconsequente. Eu pensei muito, defini o momento, decidi que seria bom para mim. Aqui também, por total coincidência, mora uma pessoa que foi especial demais para mim. Uma pessoa que nem sabe o quanto significou nesses últimos tempos. E que agora, por igual decisão consciente, precisa ser esquecida.
Essa pessoa é meu oposto. Acho que a única coisa que temos em comum é o fato de gostarmos de escrever, e sermos do mesmo mercado. Apesar da área profissional ser diferente. O que me atrapalha mais, já que ele faz coisas incríveis, e ainda admiro o cara.
Enquanto eu sou emotiva, choro por tudo, me entrego, sou sempre intuitiva nas relações, essa pessoa é racional, dura, difícil, e hiper pesquisadora. Ele nunca daria credibilidade a uma paixão que surgiu por causa de alguns encontros e muitas conversas. A racionalidade dele não conceberia isso. Já eu? Entendo totalmente que paixão não é soma matemática, não se explica, não cabe em fórmula. Começa num toque. E me apaixonei por ele, depois de muito tempo sem gostar de ninguém. Foi bom. Por um tempo me fez muito bem. Até doer. Doer por não poder viver aquilo minimamente bem.
Nos conhecemos, desenvolvemos uma relação pouquíssimo convencional e então me mudei para a cidade dele. O que eu já sabia, ficou óbvio, não teríamos nada diferente ou mais concreto. Isso não mudou o que eu senti. Não muda o que sinto. Mas a vida tem que ser mais objetiva, ele me ensinou um pouco disso. E a gente não pode ficar batendo em portas que não abrem. Ontem, eu fiz meu último movimento. E foi, de certa forma, uma despedida desse sentimento. Não que eu vá desligar um botaozinho e deixar de gostar, isso é impossível. Só fica mais fácil fazer isso agora, indo para casa. Fica fácil fazer isso num momento simbólico de final de ano. Menos pesado numa época de decisões. E mais fácil exorcizando na escrita, nesse meu espaço em que eu sei que ele não vem. Eu me desnudo, e a única pessoa que não pode ver tamanha fragilidade, não verá.
Assim, 2015 já poderá ser diferente. E eu poderei voltar a ser só emoção, mas dessa vez quem sabe, até com uma pitada de razão. Que venha um novo ano. Mas não necessariamente, uma paixão.
Essa pessoa é meu oposto. Acho que a única coisa que temos em comum é o fato de gostarmos de escrever, e sermos do mesmo mercado. Apesar da área profissional ser diferente. O que me atrapalha mais, já que ele faz coisas incríveis, e ainda admiro o cara.
Enquanto eu sou emotiva, choro por tudo, me entrego, sou sempre intuitiva nas relações, essa pessoa é racional, dura, difícil, e hiper pesquisadora. Ele nunca daria credibilidade a uma paixão que surgiu por causa de alguns encontros e muitas conversas. A racionalidade dele não conceberia isso. Já eu? Entendo totalmente que paixão não é soma matemática, não se explica, não cabe em fórmula. Começa num toque. E me apaixonei por ele, depois de muito tempo sem gostar de ninguém. Foi bom. Por um tempo me fez muito bem. Até doer. Doer por não poder viver aquilo minimamente bem.
Nos conhecemos, desenvolvemos uma relação pouquíssimo convencional e então me mudei para a cidade dele. O que eu já sabia, ficou óbvio, não teríamos nada diferente ou mais concreto. Isso não mudou o que eu senti. Não muda o que sinto. Mas a vida tem que ser mais objetiva, ele me ensinou um pouco disso. E a gente não pode ficar batendo em portas que não abrem. Ontem, eu fiz meu último movimento. E foi, de certa forma, uma despedida desse sentimento. Não que eu vá desligar um botaozinho e deixar de gostar, isso é impossível. Só fica mais fácil fazer isso agora, indo para casa. Fica fácil fazer isso num momento simbólico de final de ano. Menos pesado numa época de decisões. E mais fácil exorcizando na escrita, nesse meu espaço em que eu sei que ele não vem. Eu me desnudo, e a única pessoa que não pode ver tamanha fragilidade, não verá.
Assim, 2015 já poderá ser diferente. E eu poderei voltar a ser só emoção, mas dessa vez quem sabe, até com uma pitada de razão. Que venha um novo ano. Mas não necessariamente, uma paixão.
Vou aprendendo a esquecer. Nada foi guardado na caixa de lembranças, mas aos poucos, e com uma boa ajuda, está quase lá.
Se um comportamento me afasta, o outro mistério me envolve. Assim, dia a dia, vejo o novo ano desenhando um bom arquivo morto.
E vejo as coisas se resolvendo. De um jeito ou de outro.
quarta-feira, dezembro 17, 2014
Alice In Wonderland:
- Threats, promises and good intentions don't amount to action.
- Every picture tells a story. Sometimes we don't like the ending. Sometimes we don't understand it.
- A secret is only a secret when it is unspoken to another.
- Different denotes neither bad nor good, but it certainly means not the same.
Questão de fé
E então um dia eu voltei a acreditar em anjo da guarda.
Sim. Sabe aquilo que nos ensinam na infância? Quando nos contam que existe um anjinho de guarda nos protegendo, cuidando de nos? A medida em que cresci, parei de acreditar no meu. Parei de rezar e agradecer para ele. Virei um pouco descrente. Quanto mais descrente na vida, mais descrente no tal anjo.
Então, um dia, a pessoa vai atravessar a rua, em uma cidade nova e estranha. Não que eu não conheça ninguém aqui, mas a bem da verdade, sou sozinha. Os amigos são novos. A família está longe. E tudo é muito mais solitário nesse início.
Então, enquanto atravesso a rua, um motorista de taxi ignora que estou ali e arranca. Em uma fração de segundos o reflexo me avisa isso. Ao mesmo tempo em que voo para o ar e caio no chão com uma batida muito forte, consigo me levantar e correr para o lado. É o tempo apenas suficiente para o carro, uma mini-van, não passar completamente por cima de mim.
Eu estou inteira. Não me quebrei, não morri. Falo e ando normalmente, apenas tremo. O motorista vai embora. Eu sei que foi reflexo. É lógico. Só que até agora, não sei de onde veio esse reflexo todo. Não entendo de onde ele surgiu. Como?
Estou deitada, nesse momento, sentindo a dor do corpo, a cena não para de repetir. Fica em looping na cabeça, por mais que eu queira esquecer. Eu agradeço por ser apenas isso o que me aconteceu. E então penso que de criança eu agradeceria a um anjinho. Talvez seja simplesmente a hora de aceitá-lo de volta na minha vida. De voltar a ter pra quem agradecer. De retomar alguma fé.
Obrigada, meu anjo!
Sim. Sabe aquilo que nos ensinam na infância? Quando nos contam que existe um anjinho de guarda nos protegendo, cuidando de nos? A medida em que cresci, parei de acreditar no meu. Parei de rezar e agradecer para ele. Virei um pouco descrente. Quanto mais descrente na vida, mais descrente no tal anjo.
Então, um dia, a pessoa vai atravessar a rua, em uma cidade nova e estranha. Não que eu não conheça ninguém aqui, mas a bem da verdade, sou sozinha. Os amigos são novos. A família está longe. E tudo é muito mais solitário nesse início.
Então, enquanto atravesso a rua, um motorista de taxi ignora que estou ali e arranca. Em uma fração de segundos o reflexo me avisa isso. Ao mesmo tempo em que voo para o ar e caio no chão com uma batida muito forte, consigo me levantar e correr para o lado. É o tempo apenas suficiente para o carro, uma mini-van, não passar completamente por cima de mim.
Eu estou inteira. Não me quebrei, não morri. Falo e ando normalmente, apenas tremo. O motorista vai embora. Eu sei que foi reflexo. É lógico. Só que até agora, não sei de onde veio esse reflexo todo. Não entendo de onde ele surgiu. Como?
Estou deitada, nesse momento, sentindo a dor do corpo, a cena não para de repetir. Fica em looping na cabeça, por mais que eu queira esquecer. Eu agradeço por ser apenas isso o que me aconteceu. E então penso que de criança eu agradeceria a um anjinho. Talvez seja simplesmente a hora de aceitá-lo de volta na minha vida. De voltar a ter pra quem agradecer. De retomar alguma fé.
Obrigada, meu anjo!
domingo, dezembro 14, 2014
Em uma noite qualquer eles se encontram. Há anos não se viam, mas falam bastante pelas redes sociais. Ele continua com a mesma cara de menino. Lindo como sempre foi. Estão em um grupo divertido. Falam bobagens sobre o divórcio de um amigo comum.
A conversa flui, o grupo aumenta. Dão risadas. O assunto migra para o "terrível" passado dele. Em um momento, o que ela temia é inevitável. Ele fala sobre o tempo em que tiveram um breve encontro. Conta para todos do grupo que ela foi uma das mulheres que ele ficou e deixou, quase sem explicações. Quase se justifica, olhando para ela e dizendo o que pensava. Todos observam os dois. Ela sorri. Apenas sorri, e diz que foi bobagem. Aquilo já é tão distante, nem lembra mais que doeu. Os dois dão uma boa gargalhada juntos e o grupo descontrai.
Enquanto mudam de assunto, ela pensa em quanto é melhor ser amiga dele. Ele segue tão menino. Ela quase agradece ao ocorrido.
A conversa flui, o grupo aumenta. Dão risadas. O assunto migra para o "terrível" passado dele. Em um momento, o que ela temia é inevitável. Ele fala sobre o tempo em que tiveram um breve encontro. Conta para todos do grupo que ela foi uma das mulheres que ele ficou e deixou, quase sem explicações. Quase se justifica, olhando para ela e dizendo o que pensava. Todos observam os dois. Ela sorri. Apenas sorri, e diz que foi bobagem. Aquilo já é tão distante, nem lembra mais que doeu. Os dois dão uma boa gargalhada juntos e o grupo descontrai.
Enquanto mudam de assunto, ela pensa em quanto é melhor ser amiga dele. Ele segue tão menino. Ela quase agradece ao ocorrido.
sábado, dezembro 13, 2014
Ainda que eu falasse a língua dos anjos. E dos homens...
"Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que se ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?"
(Luís de Camões)
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que se ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?"
(Luís de Camões)
sexta-feira, dezembro 12, 2014
Eu sempre achei que não tinha um tipo físico definido para os homens que gosto. O que me encanta é a inteligência. Abordagem. Estilo.
De um tempo pra cá, em compensação, só tem um perfil que me atrai. E é físico. E totalmente parecido. E todos são da mesma área profissional. E sim, inteligente, mas confusos. E me confundem.
Boicote. Eu devia cortar essa palavra do meu dicionário. Pra ontem.
De um tempo pra cá, em compensação, só tem um perfil que me atrai. E é físico. E totalmente parecido. E todos são da mesma área profissional. E sim, inteligente, mas confusos. E me confundem.
Boicote. Eu devia cortar essa palavra do meu dicionário. Pra ontem.
quarta-feira, dezembro 10, 2014
Tudo Bem (retirado do blog entre todas as coisas)
- E então, como estão as coisas?
(As coisas vão devagar como sempre. Você desse lado, eu desse outro. Você mais longe do que eu quero, eu querendo você o mais perto possível. Tenho andado por portos, por plataformas, por praças e por todo tipo de chão possível. O engraçado é que vejo um pouco de tudo o que você me diz em cada parte do mundo. Não sei se é você que me fala sobre o mundo ou se é ele que se adapta às coisas que você me conta. Até aquele livro novo que eu te disse que estava lendo me lembra de você. Aliás, lembro que me disse que não gostava daquele autor em algumas das vezes que a gente se esbarrou por aí. Eu já não consigo ficar longe das suas palavras, das suas mensagens, das suas opiniões formadas sobre tudo.
As coisas estão difíceis. Eu espero toda noite que você me ligue. Imagino que cada assunto que você vem puxar comigo seja um indício de que você também me vê assim. Eu não demoro nunca a te responder por que tenho pressa de você. Eu tenho esse imediatismo de encurtar todo o tempo que vem pela frente ainda. Eu não minto quando você me pergunta se gosto de Caetano ou Chico Buarque. Se gosto de Fernando Pessoa ou Mário Quintana. Se gosto mais de preto ou branco. Eu gosto sim. Mas gosto mais do mundo porque posso olhar pra ele com você.
As coisas estão mais coloridas. E eu estou mais brega, mais piegas, mais clichê do que nunca. Comecei a rir sozinho depois que te conheci. Comecei a imaginar cenas, a querer segurar tuas mãos, a te olhar com ternura, a sonhar com todas as possibilidades de você. Troquei as cortinas, o tapete e até mesmo a capa do sofá da sala. Senti essa necessidade de renovar a casca para que você conhecesse a casa mais bonita. Ouvi discos de vinil, vi séries desconhecidas da TV, peguei alguns filmes noir que me faziam dormir em dois segundos. Peguei seus gostos e os usei como dossiê para te entender melhor. Pra você eu quero o melhor de mim.
Não, nada vai fazer com que eu desista de você. Eu acho que vi algum interesse da sua parte. Pode ser pela facilidade que tenho em envolver as pessoas em palavras desconexas à procura de alguém que as organize e dê sentido a elas. Mas eu não consigo mais tirar os olhos nem a cabeça de você. Você me ganhou. Completamente. Algumas pessoas já me falaram que isso deve ser amor. Mas, sinceramente, eu nem fiz questão de abrir o dicionário pra checar. Mas não perde o significado. Me deixa te encontrar.)
- Tudo bem e você?
segunda-feira, dezembro 08, 2014
Eu penso tanto em migrar pro tumblr. Mais moderno estar por lá do que aqui, eu sei. Deveria seguir as tendências. É o mundo.
Só que tenho um afeto danado. Mesmo sabendo que hoje em dia não é mais cool ter blog, e eu tenho. Sei lá, não vim pra cá pela moda, ao contrário de muita gente. Apenas gosto de escrever. Preciso exorcizar demônios, passar tempo. Coisas que acontecem agora, misturadas a coisas que aconteceram, somadas a imaginação, e saiu um texto aqui.
Então eu olho os números de acessos e vejo que quase 100 pessoas entram aqui por dia. Todos os dias. Pouco pra quem tem pretensões. Ou está ligado no que está na moda. Muito pra mim.
Afinal, eu escrevo só pra mim, se não divulgo esse espaço. O que me da prazer é apenas ter esse cantinho vivo para mim, ativo... E ainda tem gente que vem aqui me ler?
Decidido, ao menos por enquanto: migrar para que?
Só que tenho um afeto danado. Mesmo sabendo que hoje em dia não é mais cool ter blog, e eu tenho. Sei lá, não vim pra cá pela moda, ao contrário de muita gente. Apenas gosto de escrever. Preciso exorcizar demônios, passar tempo. Coisas que acontecem agora, misturadas a coisas que aconteceram, somadas a imaginação, e saiu um texto aqui.
Então eu olho os números de acessos e vejo que quase 100 pessoas entram aqui por dia. Todos os dias. Pouco pra quem tem pretensões. Ou está ligado no que está na moda. Muito pra mim.
Afinal, eu escrevo só pra mim, se não divulgo esse espaço. O que me da prazer é apenas ter esse cantinho vivo para mim, ativo... E ainda tem gente que vem aqui me ler?
Decidido, ao menos por enquanto: migrar para que?
Um em muitos
A vida é vestida de máscaras. Personagens. Personas. Querendo ou não somos vários em um, o tempo todo. Eu sempre digo que sou uma criança grande. Uma mulher feliz para todos. Uma pessoa triste num corpo de mulher feliz. Tento levar a vida brincando e falando bobagens, digo palavrão, descontraio tudo o que posso. Não por não perceber a seriedade das coisas, mas exatamente por causa delas. Se for encarar o que já é difícil com jeito brusco, fica impossível. Então tento ser macia, leve, risonha, tudo isso o máximo possível. As vezes, isso me deixa parecer menos adulta, até, do que sou. Bom? Ruim? Não sei. Para algumas coisas funciona muito bem, para outras nem tanto.
Se uns me vêem como uma menina, outros me vêem como uma fortaleza. O que não é nada bom. No mesmo dia em que uma pessoa me disse que sabia que se eu tinha tomado uma decisão o negócio estava fechado e aconteceria, outra pessoa ouvindo uma situação que estou vivendo me comentou que, me conhecendo apenas profissionalmente, decidida e forte, nunca me imaginaria fragilizada por assuntos emocionais. Personagens. A descontração infantil, a força profissional, a frágil.
Mas é a verdadeira F.? Aquela que precisa de colo, de atenção, de cuidado? Aquela que também quer se doar e ver que há doação de volta? Essa acaba escondida entre os personagens, para aparecer só de quando em quando. E pelo que sinto, das poucas vezes em que decide se mostrar, não tem sido bem recebida por aí. Ou não é bem interpretada. Ou tem selecionado muito erroneamente para quem se mostra. Melhor continuar escondida atrás do personagem. Seja ele qual for.
Se uns me vêem como uma menina, outros me vêem como uma fortaleza. O que não é nada bom. No mesmo dia em que uma pessoa me disse que sabia que se eu tinha tomado uma decisão o negócio estava fechado e aconteceria, outra pessoa ouvindo uma situação que estou vivendo me comentou que, me conhecendo apenas profissionalmente, decidida e forte, nunca me imaginaria fragilizada por assuntos emocionais. Personagens. A descontração infantil, a força profissional, a frágil.
Mas é a verdadeira F.? Aquela que precisa de colo, de atenção, de cuidado? Aquela que também quer se doar e ver que há doação de volta? Essa acaba escondida entre os personagens, para aparecer só de quando em quando. E pelo que sinto, das poucas vezes em que decide se mostrar, não tem sido bem recebida por aí. Ou não é bem interpretada. Ou tem selecionado muito erroneamente para quem se mostra. Melhor continuar escondida atrás do personagem. Seja ele qual for.
domingo, dezembro 07, 2014
sexta-feira, dezembro 05, 2014
A vida adora pregar uma peça na gente. Tu se apaixona. E o cara tem tudo. Envolvente, sensual, gostoso, inteligente, bom papo, divertido. Só falta uma coisa. A mais importante. Se apaixonar também. É, sem isso nada adianta.
Aí tu descobre que ele age como se estivesse apaixonado. Quando está contigo é o mais amoroso. Entregue. Gentil. Fala tudo o que tu precisa ouvir. Retribui declarações, e até faz as dele, mas ao virar as coisas, já não lembra delas. Quando tu tenta te afastar, não deixa, tem mil argumentos para esse jeitão. E quando tu tenta entender os motivos, te ignora.
Por isso, antes de cair numa roubada, pondere. Não adianta querer acreditar que paixão se escolhe. Paixão acontece. Antes de sair com alguém, antes de se possibilitar a paixão, antes de baixar a guarda... olhe além das belas palavras. Olhe no fundo dos olhos. Olhe na alma. São as únicas coisas que não conseguem mentir.
Aí tu descobre que ele age como se estivesse apaixonado. Quando está contigo é o mais amoroso. Entregue. Gentil. Fala tudo o que tu precisa ouvir. Retribui declarações, e até faz as dele, mas ao virar as coisas, já não lembra delas. Quando tu tenta te afastar, não deixa, tem mil argumentos para esse jeitão. E quando tu tenta entender os motivos, te ignora.
Por isso, antes de cair numa roubada, pondere. Não adianta querer acreditar que paixão se escolhe. Paixão acontece. Antes de sair com alguém, antes de se possibilitar a paixão, antes de baixar a guarda... olhe além das belas palavras. Olhe no fundo dos olhos. Olhe na alma. São as únicas coisas que não conseguem mentir.
Orgulho
Eu achei que tinha te visto esse semana, almoçando. Aí meu coração disparou, daquele jeito que já te mostrei tantas vezes. Até hoje não sei se era tu, ou não. Acho que nunca saberei. Deu uma vontade louca de ligar, escrever, ir até aquela mesa conferir. Mas e o orgulho? Orgulho ferido, sabe? Orgulho doido de quem já fez tantas perguntas e só teve silêncios. Certeza de que esses silêncios só tem um significado. Necessidade de recomeçar de algum lugar longe de ti. Então, me enchi desse mesmo orgulho, desse amor próprio, dessa vontade de sentir o coração bater normal de novo. Virei as costas e sai dali. Nunca saberei se era tu, ou não. Mas fui eu. E eu consegui, pela primeira vez ser só eu, sem ir atrás de ti. E o que sinto é orgulho. Orgulho de mim.
terça-feira, dezembro 02, 2014
Resolve essa
Bom seria se as coisas fossem fáceis. Se racionalizar resolvesse. Ou sentir solucionasse.
Não resolve. Pensar não quer dizer assimilar. Sentir não quer dizer entender. As vezes ficamos ali, vendo lógica na coisa, mas o coração vai contra. As vezes ficamos ali, sentindo, mas a cabeça vai contra.
A incongruência torna a vida tão mais difícil, tão mais complexa que olhamos pra nós mesmos e não conseguimos simplificar. Simples assim. Ou ao menos deveria ser.
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