terça-feira, junho 06, 2017

Bandaid, por favor

Você acha que encontrou alguém incrível. Diferenciado. Maduro. Aberto. E essa pessoa é tudo isso, e ainda é espetacular com você. Você baixa a guarda, se apaixona. E paixão é irracional. Cega. Impiedosa. Essa pessoa percebe, recua. E você fica ali, sem saber como lidar com aquilo tudo que está te afogando. Você faz bobagens.

Nesse ciclo você afasta a pessoa de verdade. Em algum tempo, consegue conversar, vem o reencontro. Não é  mais aquela paixão, é bom,  você agora gosta da pessoa, ainda quer mais. Você não esconde sentimentos, afinal você é assim, meio transparente. A pessoa vai te dando sinais de que o reencontro pode continuar sem um compromisso, até que um dia, de repente te diz coisas duras, pesadas, que te ferem profundamente. Você se transformou em um  único episodio. E esse episodio será pra sempre o resumo dos meses de convivência. Acabou. E  foi de uma forma fria, feia, triste. Talvez, para a pessoa ela esteja fazendo tudo do jeito mais certo possível, você até entende isso. Ela é que não conseguiu entender o quanto o jeito de ela agir magoou você. O quanto poderia ter feito as coisas com mais delicadeza.

Você escreve um texto de desabafo, pq você precisa colocar pra fora o que está sentindo. Não consegue elaborar sem escrever. É seu jeito, se culpa tanto que precisa seconvencer que não é culpada sozinha. Não quer magoar, não quer acusar, não quer expor. Está pensando em você. Só o que deseja é por pra fora o turbilhão de magoas que está dentro de você.  Se limpar daquele sentimento ruim.  A pessoa lê o texto. Justo a pessoa que não quer mais você lê o texto, e fica com raiva de você. Acusa você de apelativa e passa a cortar as formas de convívio com você. Aquelas que vocês nem tem mais, mas que a educação mantém. Agora, são dois os magoados. Vocês se feriram, sem querer, sem saber, sem imaginar, tentando fazer coisas certas, tentando se preservar. Agora, são duas pessoas que nem em um futuro poderão ser amigos.

Você só sabe que nunca mais quer sentir nada parecido com paixão. Você não quer mais intensidade, não quer mais essa ânsia. Pq paixão é fogo que arde, queima, e não traz felicidade por mais de um misero instante.

domingo, junho 04, 2017

A culpa é sua

Existem muitas maneiras de se afastar de alguém. Seja qual for o tipo de relacionamento. A mais honesta é dizer a verdade. 

Uma pessoa reduzir a outra a uma atitude, e lhe contar isso é, porem, as formas mais cruéis com que alguém pode terminar. Não existem mais bons momentos. Não existem mais lembranças legais. Não existem sequer comportamentos que ensejaram a reação. Uma atitude estupida, imatura virou rótulo. Seria mais justo dizer: não gosto de ti, não sinto atração, não te acho inteligente. O que for. Não. Tu virou aquilo que fez.

A pessoa irá se culpar mais por aquela atitude pela qual já se culpava. Irá se odiar mais por um comportamento com o qual, talvez, trave batalha diária por também não desejar tê-lo. E sequer entenderá, pq se o único problema realmente fosse esse, segundas chances podem mostrar que foi algo fora da curva.

Reduzir alguém a um comportamento. Dizer que aquilo marcou e não poderá ser esquecido. Falar para o outro: "eu não quero um relacionamento com você". Magoar gratuitamente sob a chancela de estar sendo sincero. As pessoas pararam de olhar o outro. De se preocupar. De ter cuidado. Simplesmente olham seus desejos e atropelam tudo. Falar, olhar no olho, ter cuidado? Pra que?

Me convenço mais a cada dia de que é melhor cuidar de cachorros e gatos do que se envolver com gente.

sexta-feira, maio 05, 2017

cabo de guerra

Se tem uma coisa que sempre fui? Persistente. Eu sei o que eu quero. Busco, insisto, tento. Acredito que todas as pessoas deveriam fazer isso, se fazer ouvir e que orgulho é aquela coisa incomoda que não garante a felicidade de ninguém.
Mas tudo tem um limite na vida. Pessoa insiste, persiste, mas não é burra. Precisa ler os sinais. Interpretar o outro lado. Entender que se alguém está lá, escorregando, dando respostas evasivas, sendo do tipo que não retribui, não há mais o que tentar. 
Se tem uma coisa que eu sempre fui? Ciente do meu limite. Eu vou até onde ele me permite. E por mais que eu possa entender que pessoas têm jeitos e tempos diferentes, se eu estou sendo fofa, simpática, fazendo brincadeirinhas, e só recebo resposta frias? Deu. Meu limite me impede (quase sempre) de fazer papelão. 
Não há carinho e envolvimento que consiga ultrapassar certas barreiras. Ver alguém ser uma pedra de gelo com a gente e super divertido com os outros; ver alguém claramente desinteressado; ver um discurso e outra atitude... mais do que um sinal, um desafio q não deve ser superado.

Persistência e limite fizeram seu cabo de guerra. E dessa vez, foi o bom senso quem venceu. Eu só joguei a toalha

quarta-feira, maio 03, 2017

agir como agem pessoas adultas

Se tem uma coisa que eu não entendo são pessoas adultas, que gostam de estar juntas, que não tem impeditivos, e que não ficam juntas. Relações deviam ser simples, e como gente complica.
Aí tu diz pra outro alguém o que sente, e nunca diz pra pessoa a quem realmente deveria dizer. Coisa adolescente.
Outra coisa que não tenho muita paciência é isso de gente que acha complicação pra tudo. Que se acomoda. Que espera a atitude do outro. Isso tem nome, e não é de hoje: desinteresse. Tão bom reciprocidade. Tão bom ver a outra pessoa dizer (e mostrar) que quer estar contigo. Agora, se você só tem silencio, respostas curtas? Melhor pular fora.
E pessoas que não conseguem conversar? Aquelas que não podem dialogar contigo, que acham que você tem bola de cristal? Ou que te dizem algo como se você tivesse obrigação de adivinhar o que passa pela cabeça delas? Quando umas das partes mais interessantes de sair com alguém é justo a troca... 
A vida anda cada vez mais feia e triste. Se é pra passar algum tempo, mesmo que curto, com alguém que seja pleno, inteiro, e divertido. Ficar sofrendo  ou se castigando não vale a pena, não.

Gente adulta deveria entender que quanto mais dificulta suas relações, mais corre em direção a própria infelicidade

segunda-feira, maio 01, 2017

Joao Cabral de Melo Neto

O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.
O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos.
O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas, meus raios-X. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina.
O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações em verso. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos.
Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina.
O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de propósito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água.
O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome.
O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas. O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras. Roeu as conversas, junto à bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas de automóvel.
O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés.  Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso.
O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.
O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte."

Joaquim, "Os Três Mal-Amados", em Obras Completas de João Cabral de Melo Neto (sem intervenção dos demais personagens)

sábado, abril 29, 2017

Rio, ah Rio

O Rio de Janeiro é como aquele banho de mar que limpa a alma e faz a gente se sentir novo. Basta o avião sobrevoar a Guanabara pra que eu sinta a mágica que essa cidade exerce sobre mim. Nem sei bem quando esse amor começou, talvez aos 12 anos, quando vi o Corcovado pela primeira vez com meus pais, quando vislumbrei aquele visual mágico do Pão de Açúcar, e disse que moraria em Ipanema. Talvez mais tarde, aos 21, quando fiz uma das minhas melhores amigas de vida, uma carioca linda, espontânea, sincera, que diz tudo que eu preciso ouvir, com simpatia ímpar.
O tempo passou, a cidade mudou, eu cresci. O amor continuou ali.
Quantos planos fiz com a cidade maravilhosa como pano de fundo? Planos de trabalho que acabaram não acontecendo. Namoradinhos que duraram menos do que deveriam, ou mais do que precisavam. Lembro da fase em que a cada dois meses eu estava ali, passando o final de semana. Tinha o barraqueiro que me conhecia. O ponto da Praia pra encontrar os amigos. O mesmo horário de caminhada do Chico. O carioca com cabelos que pareciam raios de sol e falava chiado no meu ouvido. O prato preferido no BG. Me sentia cariucha. Essa foi seguida pela fase em que minha melhor amiga tinha a chave do apartamento da irma, na Lagoa e logo depois pela em que começou a namorar um carioca. Ela então se mudou pro Rio. E a vida continuou acontecendo.
O rumo me levou por outros lados, outras praias, outras prioridades. Gente ciumenta ou com outros gostos me ajudaram a diminuir as idas. Curiosidade por outros lugares. Tempo. A realidade assola, as desculpas aparecem. A gente não percebe como banho de mar faz falta, ate mergulhar. Com o Rio é a mesma coisa. A gente não percebe a saudade da alma, até sobrevoar. 
Foi o que aconteceu. Por algum motivo, hoje esqueci meu livro e cabo em casa. Estou no voo, indo pro Rio e relembrando pessoas e momentos que passei lá. Quando o avião começou a sobrevoar a cidade, foi tudo tão real de novo, que voltei no tempo. Fiquei tão tocada, que fui obrigada a sacar os óculos de sol. Como e bom ter boas saudades pra recordar. Ter pessoas que se ama e com quem se pode contar. E essas, dessa cidade linda, e que estão aqui, são sempre das melhores.
Me dei conta, hoje, que parei de ficar comovida a cada vez que pegava um taxi pro aeroporto. Acho que nunca mais chorei, de felicidade e emoção ao partir de um lugar, como chorava quando ia embora do Rio. 
Entao, agora ao vir encher meu coração do amor mais puro que há, e renovar a energia na cidade que mais mexe comigo, eu entendo que mesmo não cumprindo a promessa que fiz aos 12 anos, preciso voltar a ter mais presente a energia desse lugar. Essa que me faz sentir tão eu mesma. E retomar a presença de pessoas que sempre me fizeram ser tão autêntica. 

Rio, prepare-se. Em 2017 voltei pra ti. 

sábado, abril 22, 2017

Tão tua.

Nesse momento tuas mãos deslizam em minha pele. Te ouço sussurrar algo que não consigo entender. Sinto o ar quente de tuas palavras em minha nuca, o arrepio que isso me causa. Meu corpo inteiro se tenciona em tuas mãos e em teu sussurro. Enquanto me pressionas contra a parede sei que não tenho para onde ir. Sou tua. Estou tua. Desabotoas minha blusa, levantas minha saia. Estou sem reação Entre tantas sensações.
Olho para a escada. Desejo que, por favor, me conduzas por ela, e isso não acontece. Continuas ali, aumentando a pressão do teu corpo contra o meu, apertando minhas coxas com as mãos fortes, causando arrepios com teus sussurros. Eu sei que estou perdida e então, finalmente, me beijas. Quando consigo respirar novamente, e pensar, pego tua mão e te puxo. Te encaminho pela escada, mais rápido do que posso, mais devagar do que gostaria. Não aguento mais, tenho pressa. preciso urgentemente de ti.

A única certeza que tenho é a de que chegarei ao inferno, e de lá, não quero mais sair.

quinta-feira, abril 20, 2017

A felicidade, aquela que nasce da ausência de esperança

Camus já dizia que "A felicidade nasce da ausência de esperança".  
Entao, infelicidade nasce da esperança. Quanto mais esperança mais frustração. Quanto mais se acredita em pequenas coisas  almejadas, mais elas se distanciam. Quanto mais se desenham bons acontecimentos, mais os imprevistos da vida surgem.
E é assim, entre atropelos, que as agruras da vida são maiores que os sorrisos, que a música faz lágrima escorrerem pelo rosto, que o brilho se apaga no olhar. 

É assim, que a infelicidade é gerada pela esperança daquilo que nunca acontece. 

segunda-feira, abril 10, 2017

Desejo

Penso em ti. Não por querer, desejar pensar, apenas por pensar. É quase sintomático. Meu corpo arde em uma febre que não se explica. 

Penso em ti. O sono vai embora, a respiração fica ofegante, o calor chega. O coração bate ritmado. 

Penso em ti, e nada ou ninguém mais. É como se fizéssemos música novamente. É como se estivesses me jogando contra a parede, me pressionando com teu corpo forte. É como se o mundo se perdesse e só houvéssemos nos. 


Penso em ti. Não por querer, desejar pensar, apenas por pensar. Penso em ti, por saber que preciso me livrar desse desejo que Ainda me consome.

sábado, abril 08, 2017

Silencio é ouro

Pq comunicar pode ser tão difícil quando deveria ser tão simples? As vezes tenho a impressão de que quanto mais gostamos das pessoas, mais complicado fica falar com elas. Mais nos expomos (e elas também). Menos filtramos o que estamos falando ou escrevendo. Mais à vontade nos sentimos. Mais acreditamos que o outro entende o que estamos (tentando) transmitindo. Só que isso, Entre pessoas com sensibilidades diferentes pode ser tão delicado!
Em um mundo de mensagens cada vez mais diretas e objetivas, acabamos atropelando a nós mesmo, acreditando que dissemos tudo, que nosso pensamento foi transmitido, que nossas palavras saíram como pensamos. Até perceber que não. Em um mundo com mensagens cada vez mais curtas, acreditamos ter recebido do outro mensagens que dizem algo e na verdade não significavam bem o que interpretamos.
A vida fica não dita. Ou se perde nas entrelinhas.

sábado, abril 01, 2017

Os tempos de amores líquidos

Desde o meu mais recente relacionamento (não sei se pode ser chamado assim) tenho pensado sobre o que acontece, afetivamente, com as pessoas nesses tempos de amores líquidos.
Eu gosto de conhecer os homens com quem saio. Gosto de me envolver. Tenho um lado romântica e apesar de independente e de ter temperamento forte, sou muito carinhosa (uma pessoa querida dizia que eu faço carinhos infinitos). Eu adoro cuidar (e ser cuidada, sim). Sem julgamento do mérito, não entendo bem essas relações de aplicativos. Não curto "one night stands". E muito menos tenho facilidade pra entender pq as pessoas passaram a ter tanto medo de conhecer o outro. Se você sai com uma pessoa várias vezes e vê algo que gosta nela, vale a pena se aprofundar. Em alguma oportunidade viu o lado ruim? Sim, faz parte, ninguém faz so o que gosta na vida. Um relacionamento casual com intimidade é sempre mais gostoso do que uma única noite vazia. Isso é como eu sinto, claro.
So que o que tenho visto, cada vez mais, são pessoas se preocupando muito mais em rotular (ou fugir dos rótulos) do que em permitirem se conhecer. Quando os relacionamentos ou envolvimentos atingem um nível em que é preciso olhar para o outro e se mostrar, até inconscientemente, um dos dois se boicota. Começa a ter atitudes imaturas. Começa a agir de maneira a causar insegurança ao outro, provocar a indiferença em si próprio, começa a afastar e se afastar. A relação pode ter intimidade emocional? Então um dos dois visivelmente sente medo. Fragilidade, falta de estrutura afetiva, ou simplesmente despreparo para coincidir discurso com atitude. A verdade é que é muito diferente dizer que "quer estar com alguém legal" do que agir para isso. Se vitimizar é mais fácil do que se empenhar.
Em tempos de amores líquidos, por mais que ambos os lados queiram ter uma companhia legal, raramente ambos os lados estão preparados para isso. Em tempos de amores líquidos, por mais que ambos os lados queiram se afastar da solidão, dificilmente os dois se permitem mostrar quem são. Em tempos de amores líquidos, por mais que ambos os lados discursem dizendo estarem cansados de superficialidade, um dos dois sempre preferirá a facilidade do aplicativo, ao risco de se expor verdadeiramente.
Em tempos de amores liquidos, lamento por tantas pessoas incríveis separadas, por medo, não por incompatibilidade.

quarta-feira, março 29, 2017

Chega de Saudade

Ando tomada por uma tristeza infinita. Ouvindo Tom Jobim em looping,remoendo pensamentos.
Tristeza, essa, que não sei bem de onde vem. Assola-me a alma.
Sinto saudades de algo que o tempo não devolve. Saudades de alguém que nunca me pertenceu. Tenho lembranças das quais já nem me  lembro bem. Sinto gosto, cheiro,  e toque que preferia não sentir mais. Penso em noites que acabaram e ficaram pra trás. Lembro-me de momentos que não sei se foram longos ou curtos, apenas deixaram uma sensação que não se encerra.
Brigo comigo mesma para deixar de pensar, e tudo é em vão. Eu começo a entender, e quase sem questionar, que pele é meu pior vicio. E enquanto não conseguir me desligar dessa química que me consome, não conseguirei afastar a tristeza. Não conseguirei parar de ouvir, Tom, Caetano e Gil.

segunda-feira, março 27, 2017

Poderia ser brisa, não foi
Poderia ser sonho, não foi
Poderia ser dança, não foi
Poderia ser sorriso, não foi
Poderia ser amanhecer, não foi
Foi vendaval.
Foi esquecimento.
Foi paralisia
Foi lágima
Foi  ocaso.
Fomos nós dois, perdendo a leveza,  desentendo desejos, desacompanhando momentos.
Fomos nós dois, apenas nós dois, deixando de olhar o mais bonito, para olhar o triste.
Fomos nós dois, esquecendo o que pode ser único, para descobrir o trivial.
Fomos nós dois, jogando fora o que é raro para voltar ao vulgar.
Fomos nós dois, esquecendo que quando estávamos juntos apenas isso devia  importar.

domingo, março 26, 2017

Amor nos tempos de

Assisti mais uma vez "O Amor nos Tempos do Cólera" esse final de semana. O filme é lindo, e me faz refletir um pouco sobre algo que me consumiu recentemente: como perdemos tempo. Como deixamos oportunidades passarem. Como podemos anular uma vida, por não termos a atitude certa, no momento necessário.
Ao longo da vida, somos expostos a tantas situações e sentimentos, que vamos moldando nosso temperamento. Vamos nos construindo, com nossos egos, nosso orgulho, nossas crenças, nossas intempestividades. Decidimos o que queremos, ou não, pra nossa vida, quem podemos ou não permitir que seja alvo de nossa paixão, nosso afeto, nosso amor. Tudo rumando para escolhas muito racionais, na maioria das vezes.
À medida que amadurecemos, guardamos o irracional, o sentimento, o que assusta em pequenas caixinhas que vão sendo esquecidas. Trocamos intensidade por segurança. Paixão por passividade. Emoção por tranquilidade.
É assim passam os anos com tantos casais que se olham com ternura e amizade em uma vida onde vida a emoção, simplesmente, estacionou. É assim que pessoas criticam outras que buscam relações paralelas, quando no fundo pensam se teriam coragem. É assim que pessoas se acomodam, engordam, deixam de perseguir e realizar sonhos.
Talvez, intensidade demais assuste. Talvez uma vida com emoção não dê a segurança que muitos buscam. Talvez paixão não seja a chave para um relacionamento tranquilo. Ainda assim, se eu pudesse escolher, preferiria um amor apaixonado a um amor tranquilo. Eu escolheria borboletas no estômago a uma casa sempre calma demais. Eu escolheria jamais olhar pra trás pensando se é tarde demais pra viver, questionando se há arrependimentos para resgatar. Eu escolheria, como escolho, o risco do não, para ter a chance do sim. Pois a vida é uma, o tempo é um bem escasso demais, e os encontros especiais são muito raros.

terça-feira, março 21, 2017

De Volta Pra Casa


Escrever sempre foi um passatempo. Fazer diário, por muito tempo, foi parte da minha vida.
Quando ambos se encontraram, ao acaso, em um blog a coisa ficou mais divertida, e mais confusa. O que era algo tímido, e bem discreto, chegou a mais de 120 visualizações por dia, ali em um determinado momento de 2016. Nesse tempo, eu já quase não conseguia mais escrever poemas, textos sobre a personagem ficticia da camisa branca que tinha criado.
Eu apenas escrevia sobre mim. Algumas vezes realidade crua, e dura. Outras fatos com purpurina. Sempre sobre mim. As estatísticas do blog me assustaram. Parei. A falta que escrever me faz me assustou mais. Aqui, não reviso pontos e vírgulas, não confiro português, não penso se o causador de minhas as agruras estará lendo, ou se quem pode ter sofrido com elas poderá se sentir mal. Aqui, apenas solto teclas e pensamento. Sou dramática, sou dura, sou tensa, sou leve. Deixo a musica tocar, o vinho baixar e as palavras que me vem a mente rolarem, sem culpa e sem freio.
Aqui sou piegas ao extremo, como nunca consegui me sentir na vida real. E quem nunca foi que julgue.
Decidi recomeçar. Não sei em que ritmo. Não sei em que intensidade. Não sei com que exposição. Sei apenas, que voltei pra casa.
Bem vindos.

Bandaid, por favor

Você acha que encontrou alguém incrível. Diferenciado. Maduro. Aberto. E essa pessoa é tudo isso, e ainda é espetacular com você. Você baix...