Ao longo da vida, somos expostos a tantas situações e sentimentos, que vamos moldando nosso temperamento. Vamos nos construindo, com nossos egos, nosso orgulho, nossas crenças, nossas intempestividades. Decidimos o que queremos, ou não, pra nossa vida, quem podemos ou não permitir que seja alvo de nossa paixão, nosso afeto, nosso amor. Tudo rumando para escolhas muito racionais, na maioria das vezes.
À medida que amadurecemos, guardamos o irracional, o sentimento, o que assusta em pequenas caixinhas que vão sendo esquecidas. Trocamos intensidade por segurança. Paixão por passividade. Emoção por tranquilidade.
É assim passam os anos com tantos casais que se olham com ternura e amizade em uma vida onde vida a emoção, simplesmente, estacionou. É assim que pessoas criticam outras que buscam relações paralelas, quando no fundo pensam se teriam coragem. É assim que pessoas se acomodam, engordam, deixam de perseguir e realizar sonhos.
Talvez, intensidade demais assuste. Talvez uma vida com emoção não dê a segurança que muitos buscam. Talvez paixão não seja a chave para um relacionamento tranquilo. Ainda assim, se eu pudesse escolher, preferiria um amor apaixonado a um amor tranquilo. Eu escolheria borboletas no estômago a uma casa sempre calma demais. Eu escolheria jamais olhar pra trás pensando se é tarde demais pra viver, questionando se há arrependimentos para resgatar. Eu escolheria, como escolho, o risco do não, para ter a chance do sim. Pois a vida é uma, o tempo é um bem escasso demais, e os encontros especiais são muito raros.