segunda-feira, agosto 29, 2011

Clarice e eu.

"Olhe, tenho uma alma muito prolixa e uso poucas palavras.
Sou irritável e firo facilmente.
Também sou muito calmo e perdôo logo.
Não esqueço nunca.
Mas há poucas coisas de que eu me lembre."

Clarice Lispector escreveu, e eu me enquadrei.

Eu sou assim, meio doce meio amarga. Tudo depende do que. Tudo depende de quem. E assim como magoo, esqueço. Assim como me magoam, perdoo. Poucas coisas, poucas marcas, se prosperam por tanto tempo que eu não consiga apagá-las.
Por que guardar, quando temos tanto para acertar?
Se eu grito, brigo, xingo, é por que no fundo, tanta intensidade me apavora. E se fujo, é por que ainda não descobri como ficar, sem transbordar meus sentimentos confusos e irriqueitos.
Mas esqueço. E por tanto esquecer, por tanto apagar, recomeço a cada dia uma nova caminhada. Até o momento, em que eu sentir, que é hora de parar.

Fernando Pessoa

"Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente!
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-as.
Se perder um amor, não se perca!...
Se o achar, segure-o!
Circunde-se de rosas e ame...
O mais é nada".

quinta-feira, agosto 25, 2011

tudo de bom, que se pode ter...

E de repente, hoje, sem mais nem menos, acordei de bem comigo, com a vida, com as coisas que estão acontecendo. E eu nem sei por que, já que meus problemas seguem os mesmos, e seguem insolúveis. Mas a sensação que eu tive, ao olhar pra rua pela manhã, foi boa, e consoladora. Um sentimento de fé, de plenitude. E de que as coisas podem até não se resolverem, ou mudarem. Podem nem mesmo andar no ritmo em que eu quero. Mas apesar delas, tudo pode ser melhor. Eu devo estar aberta e pronta para que tudo o que depende de mim, se encaminhe bem.
Afinal, sofrer com as coisas imutáveis da vida não vai alterar seu status. Melhor, então, se permitir receber o que vem de bom. Com a alma aberta e um sorriso no rosto!

quarta-feira, agosto 24, 2011

E então, Caio escreveu as palavras que Eu não conseguia escrever...

Eu queria te contar que não dói mais. Só que agora não importa tanto o que você vai pensar sobre isso.

Queria que você soubesse que já vi nossos filmes milhares de vezes e nem chorei. Ok, chorei. Mas pelo filme, e não por você. Queria que você soubesse que tirei a poeira das nossas músicas, e que as ouço quase todos os dias. Porque elas me faziam mais falta do que você fez.

Os nossos lugares não são mais nossos. Eu já voltei lá com outras pessoas, e escrevi lá outras histórias... Eu estou aprendendo a tocar violão. E a primeira música que toquei foi aquela música que era uma espécie de hino pra nós dois. Ela é tão linda...e sim, ela continua sendo muito nossa e lembrando demais você. Mas ainda sim, não dói.

Você não pergunta essas coisas, mas sei que gostaria de saber. Porque te conheço. E isso não mudou. Do mesmo jeito que adivinhei as coisas ruins que você aprontaria, eu sei as coisas boas que ficaram aí em você e te fazem lembrar de mim.

Porque a vida segue. Mas o que foi bonito fica com toda a força. Mesmo que a gente tente apagar com outras coisas bonitas ou leves, certos momentos nem o tempo apaga. E a gente lembra. E já não dói mais. Mas dá saudade. Uma saudade que faz os olhos brilharem por alguns segundos e um sorriso escapar volta e meia, quando a cabeça insiste em trazer a tona, o que o coração vive tentando deixar pra trás.

(Então eu pego o passado, e transformo em poesia-ou-coisa-assim.)
Caio Fernando Abreu

terça-feira, agosto 23, 2011

Onde eu possa plantar meus amigos, meus discos (meus bichos), e livros... e nada mais!

Casa Arrumada

Casa arrumada é assim:

Um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação e uma boa entrada de luz.
Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não um centro cirúrgico, um cenário de novela.
Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando, ajeitando os móveis, afofando as almofadas...
Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo:

Aqui tem vida...
Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras e os enfeites brincam de trocar de lugar.
Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha.
Sofá sem mancha? Tapete sem fio puxado? Mesa sem marca de copo?
Está na cara que é casa sem festa.
E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém dança.
Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor perfumado no meio da tarde.
Casa com vida é aquela em que a gente entra e se sente bem-vinda.
A que está sempre pronta pros amigos, filhos...

Netos, pros vizinhos...
E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados por gente que brinca ou namora a qualquer hora do dia.
Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar com a cara da gente.
Arrume a sua casa todos os dias.
Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela
E reconhecer nela o seu lugar...

Carlos Drummond de Andrade


segunda-feira, agosto 22, 2011

um jeito doce de (me) dizer a verdade



Perdendo Dentes- Pato Fu, em música de brinquedo

Pouco adiantou
Acender cigarro
Falar palavrão
Perder a razão

Eu quis ser eu mesmo
Eu quis ser alguém
Mas sou como os outros
Que não são ninguém

Acho que eu fico mesmo diferente
Quando eu falo tudo o que penso realmente
Mostro a todo mundo que eu não sei quem sou
Eu uso as palavras de um perdedor

As brigas que ganhei
Nem um troféu
Como lembrança
Pra casa eu levei

As brigas que perdi
Estas sim
Eu nunca esqueci
Eu nunca esqueci

Pouco adiantou
Acender cigarro
Falar palavrão
Perder a razão

Eu quis ser eu mesmo
Eu quis ser alguém
Mas sou como os outros
Que não são ninguém

Acho que eu fico mesmo diferente
Quando eu falo tudo o que penso realmente
Mostro a todo mundo que eu não sei quem sou
Eu uso as palavras de um perdedor

As brigas que ganhei
Nem um troféu
Como lembrança
Pra casa eu levei

As brigas que perdi
Estas sim
Eu nunca esqueci
Eu nunca esqueci

As brigas que ganhei
Nem um troféu
Como lembrança
Pra casa eu levei

As brigas que perdi
Estas sim
Eu nunca esqueci
Eu nunca esqueci

quinta-feira, agosto 18, 2011

Fernando Pessoa

A morte chega cedo,

Pois breve é toda vida

O instante é o arremedo

De uma coisa perdida.

O amor foi começado,

O ideal não acabou,

E quem tenha alcançado

Não sabe o que alcançou.

E tudo isto a morte

Risca por não estar certo

No caderno da sorte

Que Deus deixou aberto.

depois do nada

Eu temo a morte. Não a minha, essa seria um ponto final diante de tantas interrogações. Mas, eu temo a morte. A morte de pessoas amadas. Morte inexplicada, inevitável,inesperada.


Eu temo a escuridão que surge diante desta expectativa. O medo próximo a essa realidade. Eu temo minhas reações, próximas a esse sentimento. Eu temo não saber como reagir ao que vem depois. Depois da ausência. Depois da perda. Depois da dor.

Eu temo por mim, pela saudade que vou sentir. Pelas reações que vou ter. Temos pelas perdas que me perseguem desde cedo. Desde sempre. E que são cada vez mais próximas a mim. Estão cada vez mais avizinhadas à minha casa, ou ao meu coração.

segunda-feira, agosto 15, 2011

Sim, eu ainda me choco. Mas também acredito!

Imagine morar com alguém há 5 anos. Ser pedida em casamento, ter planos de formar uma família... Combinar uma mudança de cidade, junto a essa pessoa. Viver em meio a atitudes que mostram, por muito tempo, planos de vida conjunta, que criam expectativas, que geram laços, que ampliam vínculos...

Imagine essa relação finalizar, então, surpreendente e abruptamente, de uma forma fria e distante. Uma conversa unilateral, sem abertura para questionamentos. Apenas com afirmativas e imposições. Imagine receber o e-mail dizendo: “Eu não quero mais. Desculpe, mas não posso. Eu não consegui te falar”. E a vida de uma pessoa, estar virada de pernas para o ar, em poucos minutos.

Algumas coisas machucam. Doem. Traumatizam. O final de um relacionamento, desta forma, encabeça essa lista. Como isso é conduzido pode fazer com que as pessoas saiam muito mais feridas, de todo um processo que é naturalmente pesado.

Como o medo, a fraqueza, a falta de coragem, podem ser maiores do que a lealdade e respeito? Maior do que a consideração por alguém, com quem se viveu e construiu uma história por tanto tempo? O que faz uma pessoa escrever ao invés de falar, nessa situação? Achar que a outra merece tão pouco? Preferir à distância ao mínimo de afeto que poderia restar?

Mais do que isso, eu questiono: o que há com as pessoas, que não tem mais coragem de enfrentarem seus problemas? De superarem obstáculos? Passarem por cima de traumas? Pessoas que ignoram que sempre haverá problemas e questionamentos, para ficarem juntas? O que há com as pessoas, que acham mais fácil se desentenderem, do que entender o que se passa com o outro? Do que se colocar um pouco no lugar de outra pessoa, do que ceder? O que há com as pessoas, que acham que sentimentos são descartáveis, e que a vida, os amores, podem ser comprados em cada esquina, como latinhas de cerveja, ou maços de cigarros? O que tornou tudo tão pequeno, tão fútil, tão vazio?

Vendo essas relações virando tão superficiais, quero saber se algum dia terei meu “amor numa boa, de gente fina elegante e sincera”. É tanta desilusão e tristeza, que vejo nesse mundinho cão, que me questiono se isso tudo passará. E, se ainda encontraremos uma cura, para a frieza que toma conta de tanta gente. Para esse medo de amar e sofrer.

E olha que eu quero muito acreditar! Por que sofrer de amor, ainda é melhor que não vivê-lo.

Mínimo Ajuste: um blog para mil talheres

Aos meus amigos que passeiam por aqui, e gostam de compartilhar as minhas emoções do dia-a-dia, tenho novidades.
Afinal, eu sou às vezes ardida, às vezes quente, às vezes calmante. Como toda pimenta deve ser... (tudo de acordo com a forma como é usada...). Agora acompanho novas receitas, e aprendo a usar minha própira pimenta de outras formas.
Isso porque, Ardida como Pimenta, foi convidada a fazer parte de um blog coletivo. Mais de 50 blogueiros reunidos em um único endereço da blogsfera. E nada como estar com outras pessoas, para trocar e aprender!
Espero, que quem me acompanha por aqui, goste desta experiência, e do que vai encontrar por lá. ~São blogueiros com paixão por uma coisa em comum: compartilhar!.
Visite O Mínimo Ajuste: http://minimoajuste.blogspot.com/. Agora eu também estou lá!

Meu espelho

Retrato - Cecília Meireles

Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida a minha face?

quinta-feira, agosto 11, 2011

Curativos

Algumas coisas na vida parecem não tomar o rumo que deveriam, não ser como gostaríamos. Ou simplesmente não acontecem no momento certo. E nós acreditamos tanto naquilo, que abrir mão é um processo duro, e demorado.

E nos processo de separação o desgaste cega. A emoção pode ser grande amiga. E a razão uma boa conselheira. Desde que andem de mãos dadas, sem trilhar caminhos separados. Mas quando estamos magoados, ou com medo, ou ainda com fortes sentimentos por alguém, tendemos a usar apenas um deles. Racionalizamos para dizer que não serve. Ou sentimentalizamos para nos posicionar como magoados.

Mas as razões de as coisas não darem certo podem ser tantas... Tão diversas. E parece difícil realizarmos o que realmente acontece, o que sentimos. Pode ter sido por não estarmos prontos para a carga emocional de uma relação verdadeira. Ou por não termos condições de nos doar como precisemos para o outro. Ou simplesmente por não conseguirmos dar mais do que receber, em algum momento. Ou por que estivéssemos sem condições de confiar, ou mesmo de sermos fiéis a alguém ou a nós mesmos. Pode ser que nosso foco, naquele momento não fosse a relação. Por alguma razão, não funcionou, mesmo que quiséssemos muito.E podemos deixar pessoas que nos são muito preciosas saírem da nossa vida, mesmo desejando tanto que tivesse sido diferente.

Pessoas mudam, porém. Com com dor, com saudades, com percepções, com aprendizados. Ou simplesmente porque a vida é um ciclo. E ninguém quer permanecer parado ou igual. E as coisas mudam tanto, que essas pessoas que se perderam podem até se permitir e recomeçar a escrever lindas páginas. Podem se conhecer, outra vez.

Mas quando isso não acontece, o tempo é o maior de todos os amigos. E ele, com certeza, passa.

sexta-feira, agosto 05, 2011

um pouco de alma nova...

Janelas abertas em um dia de sol. Isso abre também a mente, as ideias, o coração.

Me inspira a olhar para dentro de mim mesma, e a resgatar coisas, afetos, memórias que talvez eu nem lembrasse onde estavam guardados.

Vontade de mudar, ou até de continuar a mesma, apenas aparando arestas. Vontade de deitar no sol. Vontade de comer bergamotas e tomar chimarrão. E de cantar. Vontade de sentir o que eu nem sei o que é. De apenas sentir, sem pensar. Vontade de sair sem rumo. De dirigir sem rumo. Ou de ser uma passageira sem rumo, de alguém que saiba muito bem aonde quer me levar. Vontade apenas de ser, sem consequências ou medo. Sem balanças.

Vontade, de algo novo, ou algo velho, com gosto de novo. Vontade de algo que seja verdadeiro. Sincero. Honesto. E que me faça sorrir, e me permita dar uma boa gargalhada de felicidade!

Deveria ser tão simples. Mas os dias de sol andam raros por aqui.

terça-feira, agosto 02, 2011

se hoje não fosse hoje...

Tem dias em que a gente só quer fazer aquilo que vem à mente. Especialmente se o que a mente pensa, não é exatamente o padrão, o certinho, o que normalmente se espera de nós.
Eu, hoje, gostaria que fosse sexta. Desejaria não ter hora para acordar amanhã, nem para dormir hoje. Só para não precisar me preocupar com reuniões, horários, ou com como estarei. Eu hoje, só gostaria de pensar nas minhas vontades, nos meus desejos. E aí, certamente poderia fazer aquilo que realmente estou com vontade de fazer...
E fecharia minha noite com chave de ouro. Sem nada para reclamar.

Bandaid, por favor

Você acha que encontrou alguém incrível. Diferenciado. Maduro. Aberto. E essa pessoa é tudo isso, e ainda é espetacular com você. Você baix...