sexta-feira, março 21, 2014

Entre a carne e o osso

Enquanto uma comentava que tinha abandonado a dieta, eu olhava. Apenas mulheres bonitas, e magras, estavam sentadas na minha mesa. Não que eu seja um tipo 100% seca. Claro que já passo longe das medidas de passarela há alguns anos, e desde de os 24 tenho algum culotezinho e celulite. Mas no cálculo padrão ainda tenho bons 13kg a menos que a altura (na desejada proporção altura - peso, em que 17 e a faixa das modelos) algo bom para o biótipo brasileiro. Não tenho de que reclamar. E sim, me alimento bem.
Então, estar em uma mesa com mulheres com o mesmo padrão, ou mais magras, tendo esse tipo de debate... me choca. Que tipo de beleza buscamos? O quanto estamos insatisfeitas?O que falta para a mulher de hoje perceber o quanto e bonita, o quanto já conquistou, o quanto pode se desprender de certos estereótipos e padrões?
O assunto prosseguiu. "Sim, porque para fazer dieta e preciso ser radical, eu não vou a eventos. Impossível sair e não comer um docinho. E um doce corta o regime." Disse uma, ainda mais bonita. A outra responde que vai a eventos e toma sucos. Uma outra diz que dá um jeito, e radicaliza sim, mas não se tranca em casa. Apenas corta o álcool, doce e gordura. Tudo? Pensei alto. Uma comia doces e dizia ; "amanhã compenso".  Enquanto isso eu ouvia. E tentava entender de onde surgiu esse padrão de exigência. Pais cobrando demais na infância? Maridos e namorados comparando com a televisão? Ou nos mesmas, mulheres, perdendo a noção de que ser feliz e tão mais simples?
Eu me sentia em um mundo paralelo. Será que sou a ultima mortal que acha que buscar um pouco mais de alegria e prazer, ter saúde e não, necessariamente, virar escravo, pode ser melhor? Pode ser mais divertido?
Decidi me libertar daquele momento. O dia foi difícil. A semana vem sendo pesada. O assunto me entristece um pouco.
Apertei a tecla mute. Liguei o som ambiente. Busquei um doce. Porque, definitivamente? Eu ainda prefiro continuar assim, bem do meu jeito. Deixa que me olhem surpresas, enquanto como feliz e sem culpa. E, se for o caso, que me vejam um pouco fora desse padrão esquálida, que sei lá quem inventou. Essa vida ainda se vive só uma vez. E eu vim ao mundo ser feliz. Em tempo, ninguém me disse que virando osso, chegaria mais rápido ao nirvana.

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