Sou uma medrosa. Descaradamente apavorada. Tenho medo de
escuro, de frio, de arma de fogo, de sofrimento. Tenho muito medo de morrer antes da hora.
Tenho medo de amar mais do que ser amada, e ainda mais medo de que me amem mais
do que eu possa amar. Sou assim, uma bela fachada, cheia de retalhos
apavorantes. E reconheço cada um destes pedaços de pano, que me constituem, e me formam.
Algumas vezes me exponho aos riscos. Riscos que parecem
irresponsáveis. Insanos. Impensados. Mas que sei, nunca são riscos reais, como deveriam, ou poderiam, ser. No fundo, não vou além da
terra plana. Não me atiro em águas escuras. Preciso sempre ver o fundo. Saber onde piso.
Queria andar na montanha russa. Queria descer em queda
livre. Ou saltar num bung-jump. Queria descer corredeiras ou conseguir,
simplesmente, mergulhar. Queria me encontrar frente-à-frente com meus medos, e
enfrentá-los. Conversar com eles. Pedir que me deixassem, ao menos por um
tempo.
Queria essa sensação
de liberdade, completa e sem limites, que apenas os corajosos tem. Mas ela parece não me pertencer. Me soa como
algo distante. Parece uma sensação
sobre a qual não tenho nenhum poder.
E se essa sensação, ilusória, que vaga sobre mim,me tranquiliza, ao menos temporariamente, trazendo essa falsa imagem que faço de mim mesma. Como me sinto, de verdade? Uma mulher, como
tantas, incapaz de enfrentar qualquer medo, mas em constante aprendizado, tentando superar os meus próprios pavores.
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