sábado, julho 05, 2014

Vem. Vem de leve. É só saber que, se me escondo não é porque me entreguei ao jogo. Jogo é para quem ainda não percebeu que está sozinho. Eu só quero e-mails de bom dia e mensagens sobre ontem à noite. Sem planejar o fim de semana, só aquele ano sabático, repleto de dias que começam de tarde e livros que nunca terminam de ser escritos. Esses sonhos, que são apenas sonhos e possíveis, enquanto estivermos juntos. O fim de semana vem, e que venha com você sorrindo. Apenas.

Vem com jeito, sem a ansiedade que faz a gente tropeçar nos próprios argumentos, daquele jeito que desequilibra o ritmo . Vem com curtos hiatos, porque assim eu posso te mapear sem afobação. Arfadas e palpitadas na alma distorcem o que é verdade em você. Na calma, costumo ser mais compreensiva. É mais consistente o sentimento que se aninha no peito aos poucos, tranquilo, e vai embora pra voltar logo, na medida, sem exagerar no espaço do preciso-te-ver-de-novo.

Vem assim mesmo. Não precisa se trocar. Quando a vontade de sofá e um aperto existem, quem liga pro que a sua blusa tá dizendo com letras psicodélicas que a gente só decifra, quando espreme os olhos e perde cinco minutos de vida? Quem liga? Quem liga, se você tá aqui parado e tudo que pretende é escolher uma trilha pra preencher o silêncio que nosso beijo deixa na sala?

Vem logo. Que já to aqui mó tempo nessa semana corrida, cheia de mensagens suas, noites de chuva, de estresses alheios a nós e de roupa secando no varal, que preciso tirar; mas hoje não, porque tem você e não quero atrasar.

Vem aí, que tô de boa. A gente pode abrir uma cerveja e passar a vida inteira assim, sem sapatos, na frente da TV, vendo um filme ou só descartando um pouco do que odiamos no mundo e da sensação de encaixar uma palavra bonita pela primeira vez num texto ou fazer uma lista de coisas que a gente pensa sempre que uma porta bate violenta de madrugada e não há ninguém, além da nossa própria solidão, dentro de casa.

Vem. Ou eu vou. Porque não tenho problema em ir primeiro e espero que você não recue. Porque não faço questão da garupa. Te tirei pra dançar bem antes, enquanto você não decidia a bebida. Escolhi a ritmo, o uísque, quem conduzia e com que pé começaríamos. Mas se você me apresentar outra canção e disser que ela é nossa… Às vezes, é só do que eu preciso.

Vem aí. Se tudo der errado, já deu certo. No mínimo, a gente tem uma história pra contar. Um amor que rolou bem, até que um dia teve de ir.

(Texto de Priscila Nicolielo)

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