terça-feira, abril 29, 2014

hoje, não amanhã

Podemos pensar. Podemos desejar. Podemos sentir. E podemos fazer alguma coisa com isso. Ou podemos, simplesmente permanecer assim: falando, pensando, sentindo, desejando... Sem jamais partir para uma atitude, para a ação prática.
Ás vezes é mais fácil idealizar coisas sem jamais desmistificá-las.
Mas sabe, isso pode cansar. O que é muito desejado, muito inatingível, pode perder o encanto, exatamente, por essa intangibilidade. Pode se transformar em algo tão distante, que fica esquecido no mundo dos sonhos. Pode se transformar em um deus a ser adorado de longe.
Não quero adorar deuses, muito menos pessoas ou objetos. Quero viver o aqui, o agora. Quero o toque, as sensações.
Então, definitivamente, não tenho tanto tempo para perder.... ou para esperar. Não mais.

sábado, abril 26, 2014

Arranca minha roupa, peça por peça

Pega forte minha nuca, segura meus cabelos

Puxa de leve, sussurrando em meu ouvido

Palavras doces, mas nem tanto

Palavras safadas, mas nem tanto

Beija afoito e beija aos poucos

Toca meu corpo, invade minha mente

Estou em tuas mãos

E elas sabem o que fazer

quarta-feira, abril 23, 2014

Diz-se por ai, que quem tem amigos, tem tudo. Verdade absoluta. Hoje foi uma dessas noites em que eu agradeci pelas minhas amigas. Por motivo nenhum, além da alegria de as ter comigo. Por motivo nenhum além de saber que posso contar com poucas, mas sinceras. Pelo motivo, puro, de que lotaram meu dia, de ontem de carinho, e ainda me deram repeteco hoje, com abraços.
Ficar mais velha me sentindo tão querida se torna bem menos difícil. Obrigada minhas amigas queridas por, sabendo o quanto eu fujo desse dia, fazerem isso por mim!

sábado, abril 19, 2014

Um sorriso de criança

Dia engraçado esse de hoje. Dia de tradições. De relembrar. De organizar a vida. De estar nostálgica.
Hoje fiz peixe, um pouco em homenagem a minha mãe. Muito em lembrança a minha avó, mãe dela. Arrumei a casa. Coloquei algumas coisas em ordem. Encerrei assuntos.
Tenho uma caixa de memórias. Uma caixa em que guardo meus assuntos encerrados. Hoje foi o dia de guardar algumas coisas ali. Aquelas que mando para o passado. Um passado que pode ser revisitado bem raramente, em dias de tradição. Dias como hoje.
Quando guardo algo novo na caixa, o velho e relembrado. Em geral com carinho. As vezes com saudade. Hoje, enquanto mexia na minha caixa de memórias, guardando algo que achava, nunca estaria preparada para guardar, encontrei algo que me trouxe suaves lembranças. Algo doce como um chocolate de Páscoa. Encontrei a saudade de uma menina que foi muito importante e amada por mim. Engraçado isso, hoje. Dia do aniversario do padrinho dela, um grande amigo.
A doce menina, filha de um namorado antigo, foi um presente que a vida me deu naquele momento. Deveria ter sido o pai. Mas foi a pequena quem mais me ensinou ali. Quem me humanizou. O namoro acabou. O amor por ele se foi. Mas o sorriso dela ficou para sempre gravado em mim. Aquela risada que dizia que eu "não era a namorada do papai, mas a amiga dela", se repete até hoje em minha memória afetiva.
Hoje, num dia em que faço valer a tradição. Num dia em que lá no passado, uma jovem F. já entendia que o pai, em certas datas, deveria estar com a família, não com a nova namorada, a coincidência me fez relembrar da pequena. Olhando a caixa de memórias, encontrei os resquícios daquele sorriso tão puro, que me ensinou coisas que eu jamais pensei aprenderia nessa vida. Aquele sorriso que me ajudou a ver um lado melhor de mim. Hoje, findando o que eu não esperava findar, eu me lembrei que há pureza onde menos esperamos. Há doçura onde sequer buscamos.
Minha pequena já nao e mais minha há muito tempo. E já virou uma moça, linda e forte. Já nao precisa de baba. Já não deve ser ingênua e delicada como foi um dia. Mas segue sendo a mais doce lembrança daquele tempo. Faz parte da minha tradição de memórias. E hoje, me ajudou a sorrir.

sexta-feira, abril 18, 2014

Na minha cozinha

Estou sentada, com uma taça de vinho branco e gelado na mão. Acabei de almoçar. Hoje é sexta-feira santa. Feriado religioso para o qual não dou muita importância. Deveria, se fosse considerar a educação da escola católica que frequentei e as avós que tive.
Um programa sem som passa na televisão. Um livro aberto repousa no sofá. Receitas e mais receitas estão abertas no Google. Acabei de enviar para meus pais, que estão no sítio, uma foto do peixe que fiz para o almoço. O segundo de quatro pratos que quero fazer ao longo do feriado. Isso me fez pensar sobre o que me leva a essa paixão por cozinhar. Onde começou esse gosto em ir para a cozinha? Em que momento passei a usar a desculpa do feriado santo para comprar peixes?
Lembro de estar no colégio, ainda bem pequena e já fazer bolo de chocolate com canela para minhas colegas. Lembro de entrar na faculdade e desvendar a cozinha dos meus pais quando eles não estavam. Lembro de fazer cursos rápidos com chefs famosos. Mas não lembro de nada que justifique essa paixão, essa curiosidade, esse encanto. 
Minhas avós, alemoazonas típicas, eram cozinheiras de mãos cheias. Minha mãe, também, uma boa cozinheira. Mas não herdei o jeito de nenhuma delas cozinhar. Nao sei fazer feijão. Erro o ponto do ovo. Meu forte são pratos mais elaborados. Meus molhos de massas são caprichados. Meus risotos, especiais. Peixes e camarão, faço bem. Saladas, maravilhosas. Pratos com toque asiático, ficam uma delicia. Me distanciei, e muito do toque alemão da minha família. E de uns tempos para cá, descobri meu dom para deixar saborosos os alimentos saudáveis. Definitivamente, estou há anos luz dos hábitos alimentares das minhas avós.  Especialmente nos feriados religiosos. 
Sei que minha paixão, e curiosidade, estão arraigadas... Por isso, muito esporadicamente, me trazem esses questionamentos.  Afinal, peixe, faço poucas vezes ao ano, em feriado santo. Não gosto do cheiro...

sábado, abril 12, 2014

Carpintejar para hoje

FICO FELIZ QUE VOCÊ NÃO ME RESPONDE
Arte de Kitaj

Fabrício Carpinejar

Fico feliz que você não atende aos meus telefonemas. Fico feliz que você deixa minhas mensagens no vácuo, que você espia, não responde e apaga. Fico feliz com sua disposição em me destruir e não colar os nossos pedaços. Fico feliz com sua raiva contida, seus protestos secretos, suas exigências sempre misteriosas, sua atitude intransigente. Fico feliz com seu extremismo, seu isolamento, seu vestido preto e justo. Seu luto é lindo.

Fico feliz que você me evita, que você nem fala mais de mim, que cansou de sofrer. Fico feliz que você pode não me escolher, pode me rejeitar. Não suporto mesmo mendicância.

Fico feliz que você muda os trajetos para não esbarrar comigo. Fico feliz que você não escuta nossas músicas, arquivou nosso idioma, jogou fora nossos presentes, fotos e bilhetes. Fico feliz com a astúcia de sua ausência. Fico feliz que sou como uma encarnação antiga, que não estou em seu corpo. Fico feliz que não desperto nem saudade fria, nem saudade quente. Fico feliz que você não olha minhas páginas no Facebook, no instagram, que desapareceu a curiosidade da dor.

Fico feliz que você já passou de ser vítima do desespero para ser dona do seu desespero e manda e desmanda nas palavras e no silêncio. Fico feliz que você já voltou a sair, a beber, a contar piadas, a conversar com os amigos. Fico feliz que você pode me ocultar no jardim de sua memória, sem cruz e sinal de pedras. Fico feliz que você pode fingir que nada aconteceu, fugir do que aconteceu. Fico feliz com sua resistência, sua força de vontade. Fico feliz que está resolvida e não acredita em mim. Fico feliz com sua estabilidade imediata, sua defesa articulada e coesa. Fico feliz com seu equilíbrio na tempestade, segurando o desaforo, o guarda-chuva e o rosto ao mesmo tempo. Fico feliz que abandonou as lágrimas, o nariz escorrendo, os ouvidos tremendo. Fico feliz que recolheu as roupas de sua tristeza.

Fico feliz que se tornou decidida a ponto de me evitar, a ponto de me recusar, a ponto de me esnobar. Fico feliz que você optou por seguir sua intuição, por concordar com suas premonições, por não se submeter a ser menor do que esperava no amor. Sem metades, sem mentiras, sem meias-promessas. Fico imensamente feliz que você me nega, que você me esnoba. Fico tão orgulhoso do que o nosso relacionamento nos ensinou.

Você está pronta para mim. Necessito de oposição. Necessito de alguém que me desafie. Necessito realmente de uma mulher forte ao meu lado.

Da série Ficções do amor


https://www.facebook.com/carpinejar/posts/748599271827054:

About last night

Eu adoro festas de casamento. Adoro ver a felicidade dos noivos, a emoção das declarações, a verdade do momento. Adoro a pista lotada depois, e um monte de bobagem adolescente que se faz em torno de duas pessoas, que apenas tomaram a decisão  de compartilhar suas vidas.
Mas casamentos sempre me fazem refletir. Sempre me deixam pensativa. Precisamos, realmente, desse rito de passagem para mostrar o "te amo"? Precisamos, mesmo, de uma cerimônia dessas para assumirmos um compromisso? Precisamos, de verdade, mostrar a nossa felicidade para os outros? Precisamos, ou realmente queremos partilhar?
E então, quando estou ali, sentada em uma festa de casamento, noto algo de mim mesma que me desagrada. Há muito tempo, eu fiquei cética quanto as pessoas. Há muito tempo, eu deixei de acreditar no que se diz, para apenas acreditar no que se faz. Há muito tempo eu endureci mais do que gostaria. Há muito tempo eu perdi a fé.
Entao, meu compromisso hoje e voltar a acreditar. Eu quero romantismo. Eu quero cor. Eu quero lembrar que amor e um estado de espírito sublime.
Eu quero aceitar que a felicidade de cada um, esta muito mais perto do que imaginamos.



quarta-feira, abril 09, 2014

Me desculpa, me perdoa, mas nao sei.

Desculpa. Uma palavra tão linda, que expressa o desejo de alguém ser perdoado pelo que fez. Uma palavra que pode derivar do sentimento de culpa por uma atitude incorreta, inadequada, ou da simples vontade de reconhecer um erro. Uma palavra que deveria trazer os sorrisos de volta. Que deveria aproximar.
Desculpa nao fecha feridas. Nao cicatriza machucados profundos. Nao faz esquecer o que foi dito. Nao desfaz o que foi feito. Depois de um tempo, ou de uma série de atitudes, um pedido de desculpas pode ser protocolar, formal, distante. Ou pode, apenas, não importar mais.
Desculpa. Palavra que podemos passar anos querendo ouvir. A palavra que pode curar, unir, reconstruir. Ou soar vazia, já que certas coisas, simplesmente, nao tem desculpa.
Me desculpa, mas as vezes nao há como desculpar.
Me desculpa, mas para certas coisas nao sei se tem perdão.

http://youtu.be/TjTFU1jzuYhttp://youtu.be/TjTFU1jzuYw

terça-feira, abril 08, 2014

Abraço invisível

Algumas coisas na vida são tão reconfortantes, que nos fazem esquecer todos os problemas. Nos fazem sentir mais fortes. Nos fazem superar dificuldades.
Algumas coisas da vida são tão reconfortantes, que deveriam estar ao alcance da mão. Deveriam estar perto de nos. Deveriam estar sempre em cada esquina. E talvez estejam. 
Talvez o conforto esteja muito mais perto de nos, do que a vida caótica nos permite ver. Um abraço de pai. Um carinho de mãe. Uma risada dos filhos. Um prato de sopa quente. Um edredom. Um bom filme com amigos. Um beijo de saudade. 
Talvez ser reconfortado esteja muito mais em aceitar a alegria das pequenas coisas. Em entender que o aqui e agora passam com o estalar dos dedos. 
Talvez, e so talvez, ser reconfortado dependa mais da nossa capacidade de aceitar que, nem sempre, podemos dar conta de tudo sozinhos. Simples assim.

Bandaid, por favor

Você acha que encontrou alguém incrível. Diferenciado. Maduro. Aberto. E essa pessoa é tudo isso, e ainda é espetacular com você. Você baix...