Estava aqui, absorta em pensamentos sobre alguém que ocupa meus dias e noites completamente. Um serzinho que me intriga é que me faz sorrir. Estava pensando em alguém que me faz feliz quando está comigo e que não me deixa infeliz quando está longe. Estava curtindo deliciosas e maliciosas lembranças. Estava leve, pensando em uma trilha adequada para essas lembranças.
O spotify estava rodando uma palylist que fiz com minhas musicas preferidas enquanto anoto os títulos para essa nova seleção especial. Quando faço isso, dificilmente deixo rolar até o final, pois vou passando as músicas, impaciente que sou, buscando a mais perfeita nova seleção.
Perdida com a memória de cheiros, gostos, desejos e sons, a playlist que rolava no spotify foi rodando com músicas especiais que marcaram muitos bons momentos da minha vida. Até que começou a tocar Heaven/ follow true love. Um momento, uma estrofe. A sensação de leveza foi embora e as lembranças mais duras de um passado enterrado e doloroso me invadiram. Lembranças guardadas a chave. A gente pode esquecer um amor. Pode se curar de alguém. Mas não supera o sofrimento que alguém nos impôs. Não esquece a agressão verbal que alguém nos fez ouvir por crueldade. Não passa por cima da mágoa de saber que foi a válvula de escape das emoções e dores de uma pessoa. O tempo passa, certas cicatrizes ficam.
Uma música linda, infelizmente, pode se tornar uma arma poderosa. E fazer a mente voltar anos no tempo. Isso é uma tremenda injustiça.