Após uma idade, pessoas adultas desenvolvem diversas maneiras de se relacionar. Algumas vezes se sentem atraídos física e intelectualmente e tem interesse em se conhecer melhor, sair mais vezes para entender o quanto tem conectividade (ou não) e até desenvolver um relacionamento a dois. Outras vezes, sentem só atração física, e se interessam sexualmente um pelo outro, apenas. Até aí, problema nenhum, pessoas adultas sabem e escolhem o que querem. Só que isso precisa ser compactuado entre os dois para que não haja expectativas diferentes por uma das partes. Afinal, com expectativas diferentes, pode haver canalhice e magoa.
O problema está aí: o pacto. Ele não é verbal. Quando duas pessoas saem com intuito de se conhecer, é mais fácil. Vai acontecendo aos poucos. As regras vão sendo criadas entre os dois que estão sentindo como o outro é, indo devagar. E quando os dois sabem que só querem uma noite, já definiram isso, não há mistérios, e ambos serão objetivos.
O problema está no limbo. Quando duas pessoas saem e não tem certeza do que vai acontecer. Quando vão se conhecer, e uma não tem ideia do que esperar da outra. Essas duas pessoas não compactuam o que querem. Não sabem o que acontecerá. E pode, sim, acabar tudo em apenas uma noite, ou pode ser tão legal que eles decidem se conhecer melhor. O problema é que para isso acontecer de uma maneira leve, sem sacanagem, e sem ninguém se machucar é preciso agir de uma maneira muito correta dos dois lados. O que raramente acontece. As pessoas são carentes e acabam usando os encontros para melhorar a própria auto-estima. Assim, machucam o outro.
Se um dos dois só quer sexo, por exemplo, o outro precisa entender. E para deixar isso claro, é bem fácil. São comportamentos simples. Pra começar, não precisa ficar horas contando sobre a própria vida. Falar sobre coisas cotidianas não aproxima mais do que o necessário para uma noite. Conversas muito pessoais de 3, 4, 5 horas? Isso vai fazer o ouvinte baixar a guarda, falar de si, se expor. Entender tudo diferente já que falar muito sobre si é coisa de quem quer se conhecer, certo? Dizer te adoro ou te amo é proibido, em todas as situações (acontece)! E eu namoraria você não pode de maneira alguma. Fazer planos de um próximo encontro e prometer presentinhos, só vale se for real. Isso é uma promessa, e promessas devem ser cumpridas. Se um dos dois estiver gostando da companhia e realmente pretende ver a pessoa novamente, está permitido, mas nem é indicado, já que ser surpreendido com um convite é muito melhor do que esperar em vão. E o maior dos perigos (na minha opinião): dormir abraçadinho. Isso é tão íntimo que só deveria se fazer com quem se gosta, ou com quem você quer desenvolver intimidade. Para encontros de uma noite criam uma falsa sensação de que há sentimento.... nem pensar. Também não vale prometer sair novamente quando se sabe que não vai. Mentir só para manter uma opção na agenda é cruel.
Parece um monte de regras? Talvez. Mas se as pessoas tivessem um mínimo de cuidado, veríamos muito menos mal-entendido após uma noite a dois do que vemos por aí. E se as pessoas conseguissem cuidar das suas carências e não despejá-los em cima do outro, para depois fingir que nada aconteceu, com certeza haveria bem menos homens e mulheres se sentindo rejeitados.
Pactuar o que se quer, jogar limpo falar honestamente sobre como se sentiu e não ligar se não for para realmente levar algo adiante é o ideal. E se não dá, que ao menos tenhamos um comportamento correto, sem fazer o outro achar que estamos mais interessados do que de fato. Simples, honesto, adulto, e muito mais fácil.