segunda-feira, junho 16, 2014

O cobertor amarelo

Aquelas palavras. E por mais que ela soubesse que não eram verdadeiras. E por mais que soubesse que não poderiam ser. Ela se apegou a elas. Ficava ouvindo enquanto ele dizia baixinho em seu ouvido aquilo que era tão surpreendente. Tão novo, de novo. E pensava onde estava, para algo assim acontecer com ela. Pensava como, de repente se sentia tão aberta novamente, tão entregue.
Ela ficava tentando entender como isso tirou seu chão daquele jeito. Um sussurro em seu ouvido teria esse poder? Ou foi o que dizia aquele sussurro? A sequência deles? Ou o modo como ele olhava para ela? As mãos másculas dele, talvez? Supôs que tenha sido a mistura disso tudo. Ou como ele disse para ela, lá em algum momento, foi um certo feitiço. Porque as coisas não aconteciam assim com ela. Ela não se entregava tão arrebatadamente.Ela ainda se fazia de durona. Até acreditava que era. Quase sempre. E dependendo com quem, sempre.
Mas não sabia explicar, com ele tudo foi diferente. Maktub. Era ele que quebraria o muro invisível que ela construiu. Ele tinha aquele jeito. Aquelas frases que ela deveria saber, eram prontas... Mas parecia não saber. O jeito tão óbvio dele... E que ela parecia ignorar.
Ela pensava se não seria mais lógico e fácil ele dizer, com o mesmo jeitinho, que já não dava mais. Que não tinha nenhum sentido. Não se veriam mais mesmo. Porque se ela racionalizasse não tinha sentido. Seria tão mais fácil assim, se ele se posicionasse, ao invés de ficar com aquelas raras palavras doces. Mas ele preferia aquele jogo de silêncio do que uma posição. Quase não falando nada, e ela levando assim. Porque quando ele falava... Bem, quando falava trazia aquela explosão ao mundo dela. Uma gargalhada que fazia qualquer silêncio ser esquecido, e ela perder todas as certezas. Ou ter apenas a certeza de que arrumaria o espaço que fosse no tempo que fosse do jeito que fosse, o encontro valeria. O momento seria resgatado. Porque ela sabia que não encontraria aquilo em qualquer esquina.
E aí ela volta pra lá, para um universo particular de cheiros e gostos e lembranças, enroscada naquele cobertor amarelo, só tentando entender em que dia, em que momento, ou como ele apertou aquele botão. Um botão que ela não conseguiu mais achar para desligar. Não poderia ter sido apenas sussurrando meia dúzia de frases no ouvido dela ou beijando a boca dela daquele jeito. Ou poderia?

Bandaid, por favor

Você acha que encontrou alguém incrível. Diferenciado. Maduro. Aberto. E essa pessoa é tudo isso, e ainda é espetacular com você. Você baix...